Vinte primaveras
Florescer da idade faz futura repórter desenhar uma vida de brilho
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O sol do Recife parecia conspirar a favor no sábado, 23. A brisa leve anunciava que aquele não seria um dia qualquer. No portão da casa de eventos, um cartaz improvisado em cartolina rosa deixava claro o motivo da festa:
“Bem-vindos aos 20 anos de Clarice Rodrigues!”
Clarice, com o sorriso de quem acabara de descobrir que a vida só estava começando, recebia os convidados com um abraço caloroso.
— Meu Deus, vinte anos passam voando, não é, Clarice? — comentou Sandra, tia mais falante da família, ajeitando o chapéu de palha.
— Passam nada, tia! Parece que eu nasci ontem… mas, olha, já tô aqui, quase jornalista, quase adulta… quase tudo! — respondeu Clarice, entre risos.
Do lado da piscina, um grupo de colegas da faculdade improvisava uma roda de pagode. O pandeiro soava leve, e o cavaquinho puxava o coro:
— Hoje é festa, Clarice! Vai ter pauta de alegria! — brincou João Matheus, colega de turma, levantando o copo de chope como se fosse microfone.
— E você, repórter do futuro, vai entrevistar a aniversariante? — provocou Maria Luíza, que cursou Relações Internacionais em Brasília, empurrando Mateus Brandão, candidato a noivo, em direção à amiga.
— Já tô aqui com a pergunta, Clarice: como é completar vinte anos com tanta elegância?
— Ah, isso só a genética explica… — ela respondeu, gargalhando, enquanto os amigos explodiam em aplausos.
Entre uma música e outra, o garçom passava equilibrando bandejas de suco e caipirinhas. Um primo mais jovem mergulhava de ponta na piscina, arrancando gritos da galera:
— Atenção, cinegrafistas do futuro! Gravem isso porque vai dar manchete: primo da aniversariante inaugura a piscina com salto olímpico desajeitado! — brincou Léo, o marqueteiro penetra, arrancando gargalhadas gerais.
O espaço parecia pequeno para tanta energia. A mesa de bolo, cercada por flores e balões, aguardava o momento solene. De repente, o cavaquinho silenciou, o pandeiro parou, e alguém puxou o coro:
— Parabéns pra você, nesta data querida…
Clarice fechou os olhos, fez um pedido silencioso e soprou as velas. No instante em que o fogo se apagou, uma salva de palmas tomou conta do salão.
— Desejou o quê, Clarice? — insistiu um colega curioso.
— Se eu contar, não se realiza, né? Mas posso adiantar: tem a ver com jornalismo, com sonhos… e com o futuro que tá só começando!
O Sol fez sinal de que ia se despedir, mas não tirou o brilho da festa. E assim, entre música, risos e abraços, a homenagem correu leve como um texto bem escrito. A impressão que ficou é que Clarice celebrou não só os vinte anos, mas o florescer de uma vida inteira.
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José Seabra é diretor da sucursal regional Nordeste de Notibras