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Ideais fechados

Panelinha é um grupo de pessoas com as mesmas ideias

Publicado

Autor/Imagem:
Tania Miranda - Foto Francisco Filipino

Uma das principais características do ser humano é a necessidade de estar junto aos seus iguais. Não estou falando de família, mas sim de pessoas que tenham as mesmas ambições, os mesmos sonhos, os mesmos desejos… estamos sempre procurando, desesperadamente, um grupo onde possamos nos encaixar, onde nossas expectativas sejam atendidas…

Não é um processo simples. Principalmente porque cada pessoa tem uma visão muito particular do mundo, da vida. Não encontramos, em um mesmo núcleo social, duas pessoas com a mesma linha de pensamento. Não integralmente, sempre haverá pontos de divergência…

Por mais que as pessoas de um determinado grupo pareçam ter opiniões homogêneas, quando visto mais próximo, descobrimos várias divergências que nos escaparam em um primeiro exame. Embora a princípio nos parecesse que este grupo rezava pela mesma cartilha integralmente, descobrimos que há, sim, divergências quanto à linha de pensamento sobre alguns tópicos muitas vezes importantes para a união do mes-mo. Não é por outro motivo que as pessoas entram e saem dessas agremiações…

Quando nos deparamos com uma panelinha… um grupo inserido dentro de outro maior… é que aquelas pessoas dividem algumas características próprias, que não casam com a maioria. É uma forma de se manterem ligados ao grupo, sem perder sua identidade primeva…

Na realidade, estamos sempre fazendo parte de associações dentro de associações. É a maneira de interagirmos socialmente sem que tenhamos que abrir mão de nossas ideias mais íntimas… ao encontrarmos nossos iguais, procuramos ficar junto a estes, pois é a maneira mais simples de mantermos nossa individualidade…

Sim, apesar de parecer incoerente, não abrimos mão de nossa essência, nem mesmo para mantermos a unidade de um grupo do qual façamos parte. É algo instintivo… se nos incomodamos com o que quer que seja dentro de uma associação, protestamos de imediato. Se tal não der o resultado esperado, partimos para o debate. Finalmente, se vencidos, nos retiramos do mesmo. Porque este perdeu todo o sentido para nós…

Não importa qual a diretriz do grupo em questão. Não importa o motivo inicial de nossa ligação com o mesmo. Pode ser profissional, social… no momento em que nos sentirmos incomodados com qualquer coisa dentro deste, e se percebermos não haver acordo que nos agrade, estaremos nos retirando. Porque, de certa forma, somos “persona no grata” naquela associação.

Muitas vezes nos decepcionamos com as pessoas, devido ao seu comportamento perante o grupo. Quando as conhecemos nos identificamos de imediato, pois temos algumas coisas em comum. Mas, ao nos aprofundarmos na psique destas, descobrimos nuances em sua índole que nos havia escapado de início. Sim, temos algumas características em comum. Não, esses pontos coincidentes não são suficientes para mantermos uma ligação mais próxima. E, por não entendermos a lei da alcateia, acabamos por nos afastar desta…

Se estamos no grupo e somos ignoradas… mesmo quando nos dizem o quanto somos apreciadas, ao emitirmos uma opinião ninguém se digna a nos responder, como se invisíveis fossemos… bem, é o primeiro passo para pensarmos seriamente em abandonar essa matilha. Claro que não o faremos de imediato. Afinal, foi apenas uma situação que aconteceu… Porém, se tal se repetir com certa constância, aquele mal-estar inicial se tornará uma certeza da qual gostaríamos de não ter… não pertencemos a este grupo, mesmo que de início nossa percepção fosse outra…

São vários os motivos que nos fazem protelar nossa saída de determinado grupo. O principal é, sem dúvida, o medo de caminhar sozinho por nossa senda em direção a um destino incerto. Porque muitas vezes precisamos de uma palavra de apoio, de conforto, nas agruras que enfrentamos durante nossa jornada… precisamos ter certeza de que uma mão amiga nos ajudará a levantar, caso venhamos a tropeçar durante nossa jornada. E só quando chegamos à conclusão que, se tal ocorrer, não haverá essa ajuda que necessitarmos, porque não estamos na mesma sintonia que os outros, é que abandonaremos essa matilha… pois finalmente compreendemos que ela não nos pertence…

Sim, algumas almas estão fadadas a caminhar sozinhas, pois não conseguem se encaixar em nenhuma das agremiações espalhadas por esse mundo sem fim. Não é que não exista algum que se enquadre em suas necessidades. É que, simplesmente, não é fácil encontrar… as nuances são tão sutis que muitas vezes caminhamos ao lado de uma alma irmã e não percebemos tal coisa…. é a vida, tentando nos ensinar lições valiosas para nossa caminhada por esse plano. Então, se nos sentimos perdidas durante essa jornada, devemos escutar nosso coração. Ele será a bússola a nos guiar rumo ao nos-so destino… quiçá, poderá nos mostrar o verdadeiro caminho para o Nirvana…

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