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Alerta climático

Chuva intensa no Agreste expõe caos a céu aberto

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Autor/Imagem:
Júlia Severo - Foto Divisão de Artes/IA

As fortes chuvas que atingiram o Agreste e a Zona da Mata de Pernambuco no início de 2025 deixaram um rastro de destruição, medo e dor. Municípios como Garanhuns, Caruaru e São Bento do Una sofreram com enchentes e deslizamentos, em um período do ano em que, tradicionalmente, as precipitações são menos intensas. O episódio reforçou a percepção de que o Nordeste está cada vez mais exposto a fenômenos climáticos extremos, resultado de mudanças no clima global.

Em Garanhuns, a situação foi particularmente grave. Ruas alagadas, desmoronamentos e muros caídos marcaram a paisagem de uma cidade que precisou parar para lidar com a força da água. Na Universidade de Pernambuco, parte da estrutura desabou, gerando apreensão entre estudantes e funcionários. Já em São Bento do Una, uma tragédia entristeceu a população: um homem foi arrastado pela enxurrada na zona rural e não resistiu. Esses casos revelam como, além de prejuízos materiais, as chuvas intensas também representam um risco direto à vida das pessoas.

Na capital, Recife, os efeitos também foram sentidos. Árvores caídas, trânsito interrompido e aulas suspensas mostraram como um evento climático pode impactar rapidamente a rotina de uma metrópole. A Defesa Civil precisou atuar em diferentes pontos para conter deslizamentos em áreas de encosta, locais onde vivem famílias de baixa renda que, historicamente, são as mais afetadas por esse tipo de desastre.

Especialistas destacam que esses episódios não podem ser vistos como acontecimentos pontuais. As mudanças climáticas, que intensificam fenômenos extremos, estão tornando mais comuns situações de chuvas torrenciais em um curto espaço de tempo. A vulnerabilidade é ainda maior em regiões que não contam com infraestrutura adequada de drenagem, planejamento urbano ou políticas de prevenção.

Em 2022, por exemplo, Pernambuco já havia enfrentado chuvas intensas que deixaram mais de 25 mil pessoas desabrigadas. Agora, apenas três anos depois, a história se repete, demonstrando que a questão climática precisa ser tratada como prioridade, e não como exceção.

Além da tragédia humana, as chuvas trazem prejuízos profundos para a economia local. Comércios inundados, estradas danificadas e lavouras afetadas comprometem a renda de milhares de famílias. No Agreste, região fortemente ligada à agricultura e ao comércio, esses impactos são sentidos de forma ainda mais dura.

Para quem vive em áreas de risco, a sensação é de abandono. Muitas famílias afirmam que, ano após ano, enfrentam os mesmos problemas: falta de drenagem, moradias precárias e ausência de soluções estruturais. “Sempre que chove forte, a gente fica sem dormir, com medo de perder tudo”, relatam moradores das encostas do Recife.

Diante desse cenário, especialistas defendem um conjunto de medidas urgentes. Entre elas estão o fortalecimento dos sistemas de alerta, investimentos em infraestrutura urbana e, principalmente, políticas de habitação que evitem a ocupação de áreas perigosas. Além disso, é fundamental inserir a questão climática no planejamento das cidades, reconhecendo que eventos extremos tendem a se tornar cada vez mais frequentes.

Enquanto isso, comunidades locais se apoiam em redes de solidariedade para enfrentar os prejuízos imediatos. Igrejas, associações e voluntários têm atuado para levar abrigo, roupas e alimentos a quem perdeu suas casas ou bens.

As chuvas no Agreste de Pernambuco em 2025 não são apenas mais uma tragédia natural. Elas representam um sinal claro de que o Nordeste precisa se preparar melhor para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Mais do que nunca, planejamento urbano, investimentos públicos e políticas sociais precisam caminhar juntos para proteger vidas e garantir que eventos como esse não voltem a se repetir com o mesmo impacto devastador.

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