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Lenda viva

As runas e a saga de Björn, o Errante, nas longas plagas nórdicas

Publicado

Autor/Imagem:
Paulus Bakokebas - Foto Editoria de Artes/IA

É uma lenda dos tempos em que as estrelas ainda formavam as primeiras constelações no Céu. Fala de homens de verdade, corajosos, que buscavam nos oráculos as sagas que encontrariam pelas longas plagas que cruzariam pela frente. Nosso personagem é Bjonr. Começa assim, cantada em versos:

Escutai, homens do Norte,
escutai, mulheres do Norte,
escutai, filhos do vento e do gelo:
eu vos conto a saga de Björn, o Errante,
aquele que buscou seu destino nas Runas
e encontrou o caminho do fogo e da tempestade.

Björn era filho de um inverno longo,
Björn era filho de uma batalha perdida,
Björn era filho de sua própria solidão.
Homem de remos e machado,
homem de cicatrizes e de sonhos,
caminhava sem porto,
caminhava sem tenda,
caminhava sem lar.

Numa noite de gelo,
quando a lua era lâmina sobre o fiorde,
Björn encontrou a völva,
a mulher de sabedoria antiga,
cabelos de prata,
olhos de pedra,
voz de corvo.

E a völva disse:
— Queres tu ouvir os deuses?
Queres tu lançar as Runas?
Queres tu conhecer o fio que tece as Nornas?

E Björn respondeu:
— Quero. Mesmo que o destino seja ruína,
mesmo que o destino seja morte,
quero ouvir o que os deuses já escreveram
no gelo da eternidade.

Então a völva lançou as Runas.
E as Runas caíram sobre o linho.
E as Runas brilharam como brasas.

A primeira foi Ansuz, o sopro de Odin.
E a völva disse:
— Tua vida não será só espada,
tua vida não será só ferro,
tua vida será palavra,
serás mensageiro,
serás errante,
serás voz.

A segunda foi Raido, o caminho.
E a völva disse:
— Teus pés não terão raízes,
teus olhos não terão fronteiras,
tua alma será estrada,
tua casa será viagem,
tua herança será poeira e vento.

A terceira foi Hagalaz, o gelo que destrói.
E a völva calou-se,
e o fogo da fogueira gemeu.
Björn perguntou:
— Que vês, mulher dos deuses?
Dize-me a verdade, ainda que seja noite sem aurora.

E a völva respondeu:
— Vejo ruína, vejo queda,
vejo tempestade sobre ti.
Mas também vejo força,
pois do gelo nasce o rio,
e da queda nasce a vida.
Hagalaz não é só destruição,
Hagalaz é renascimento.

Então Björn se ergueu.
Ergueu-se como árvore ao vento,
ergueu-se como montanha diante da neve.
E disse:
— Que venham as tempestades.
Que venham as perdas.
Que venha o gelo.
Pois não temo o destino,
o destino sou eu que caminho.

E Björn partiu,
partiu sem ouro,
partiu sem terra,
partiu sem glória.
Partiu apenas com o sopro das Runas,
partiu apenas com o eco dos deuses.

E ainda hoje, quando o vento uiva nos vales do Norte,
dizem que é a voz de Björn, o Errante,
que caminha entre mundos,
caminha entre sombras,
caminha entre homens e deuses.

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