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Mestre dos mestres

Foi-se Jaguar, levando com ele um pedacinho de democracia

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Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto de Arquivo/Reprodução do X

Nesta semana o país se entristeceu com a notícia da morte de Jaguar. É sempre doloroso perder um artista talentoso, alguém que dedicou a vida a fazer do traço e da ironia uma forma de nos enxergar como país. Jaguar foi muito mais que um cartunista genial. Foi uma verdadeira referência cultural do Brasil, desses nomes que se confundem com a própria história do humor, da crítica social e da irreverência que tanto precisamos para sobreviver neste país tão contraditório.

Mas há algo ainda mais duro nesse adeus: perdemos também uma voz da democracia. Jaguar nunca foi apenas desenhista, ele foi militante no melhor sentido da palavra, uma voz aguerrida, corajosa, sem medo de cutucar os poderosos. Em cada cartum, em cada traço carregado de sarcasmo, estava também uma defesa da liberdade, do pensamento crítico, do direito de rir. E rir é também um ato político.

A democracia precisa de vozes como a dele. Porque sem os olhos atentos e as mãos inquietas de artistas como Jaguar, o poder fica mais confortável, mais autoritário, mais impune. Ele nos mostrou que o humor pode ser arma, escudo e farol. E é por isso que, além da tristeza pela perda de um grande artista, sinto também a dor de ver silenciar-se uma dessas vozes que tornam a democracia mais viva.

Jaguar se foi, mas sua arte e sua coragem permanecem como herança e como lembrança do quanto precisamos continuar lutando para que muitas outras vozes não se calem.

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