Desapontamento
Notibras, cadê a lombriga da adolescência do Cadu?
Publicado
em
Algumas vezes, por sorte poucas, sinto-me desapontado pelo Notibras.
Não pelo empenho da agência em publicar meus textos, o que vem ocorrendo desde 15 de setembro de 2024. Os números são expressivos. Em 16 de novembro, quando postei Curiosidade como uma brincadeirinha – enviada à equipe editorial da agência, com a ressalva de que NÃo era para publicar –, haviam sido aceitos 153 contos e publicados 44. Em 14 de janeiro, quando postei em minha página e redes sociais Curiosidade 2, já eram 235 contos aceitos e 86 publicados.
Por que postei novamente Curiosidade? Não lembro, talvez uma pitadinha de despeito, por não terem aparecido contos meus por dias seguidos. Foi um sentimento muito mais nobre, de gratidão, que me levou a transformar aquelas maltraçadas em O contista e a lombriga. Escrevi em 25 de julho, quando já haviam sido aceitos 324 textos e publicados 171:
“O período de 14 a 24 de julho foi glorioso: onze textos publicados em onze dias, um recorde. (…). Ao ser postado o sexto conto, admiti que ‘estava sendo tratado a pão-de-ló’. Ao aparecer o décimo texto, percebi que agora estava sendo tratado a tiramisu”.
E aí, confesso, menti. Macunaíma literário, menti na caradura. Inventei que no dia 25 não havia sido publicado conto meu, mas foi publicado sim. Sinto muito, foi o jeito de encaixar O contista e a lombriga, havia cinco dias que eu atualizava os números de contos aceitos e publicados, esperando uma brecha, uma lacuna na publicação diária das obras quase completas de Cadu Matos. E a brecha não vinha.
E não veio. Os contos seguem aparecendo, um por dia, com pontualidade de relógio. As vacas continuam gordas, tão nédias que perigam ter um enfarte. O contista e a lombriga, publicado hoje, 15 de agosto, é o 193º texto veiculado pelo Notibras, entre 331 aceitos.
Então, se estou sendo tratado a pão-de-ló e a tiramisu, por que o desapontamento? Ora, pela ilustração que o acompanha. Em meus desvarios iconográficos, imaginei uma lombriga com a cabecinha para fora do rabo do atleta e fazendo a pergunta que a imortalizou (se possível, em um balão de história em quadrinhos). Ou, se isso fosse demasiado selvagem, uma ilustração mais bem comportada seria a do verme estendido no chão, dizendo algo como “Ai ai ai, isso doeu…”.
Mas não. Notibras esqueceu a lombriga e ilustrou o texto com o contista, um idoso de óculos e boné diante do computador, a fumaça de um cigarro elevando-se a seu lado. Bela imagem, quase real (sou um véio de barba, óculos e que fuma, mas não uso boné). O problema é que a agência descartou o protagonista, se não do conto, da historinha escatológica que ouvi na adolescência e nunca mais esqueci.
Então, só me resta perguntar respeitosamente à equipe editorial, com uma pitadinha de curiosidade e algum desapontamento, mas sem um pingo de indignação:
– Notibras, cadê a lombriga?