Superiores e inimputáveis
Tentando inverter a ordem, Congresso quer criar lei específica para golpistas
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Independentemente do posicionamento ideológico, imagino que todo ser humano professe a tese de que a lei vale para todos. A norma não faz exceção. Certo? Errado. Se a afirmação fosse verdadeira, como poderíamos explicar a luta de parlamentares, governadores e confrades da perversidade para isentar o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua trupe de punição pela tentativa de golpe e pelo vandalismo de 8 de janeiro de 2023? Não há explicação. O que ocorre é que os bolsonaristas e simpatizantes do caos se acreditam superiores e, portanto, inimputáveis.
Os deputados e senadores não receberam dos eleitores autorização para costurar, alinhavar e pregar absurdos na Constituição de Ulysses Guimarães. Como se acham acima do bem e do mal, o grupo vinculado umbilicalmente a Jair Messias não teme ser taxado em futuro próximo de tropa de altíssima periculosidade. Atolado até o pescoço no lamaçal golpista, Bolsonaro em algum momento mandou e seus capatazes do Congresso cumprem à risca a ordem de que criminalizar e depois anistiar é preciso. Cumprir a lei não é preciso.
Defensor intransigente da desobediência civil e democrata por conveniência, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas é o feitor dos antipatriotas. Disposto a aparecer até nas rádios funerárias, recentemente ele disse que não confia na Justiça. Interessante, mas a recíproca é verdadeira. Vivos com nunca, o povo da Justiça também nunca confiou nele. Provocador sem causa e prova cabal da irreconciliável união entre o bolsonarismo e a paz, Tarcísio é o exemplo cristalino de que a maioria dos atuais deputados e senadores faz do Congresso um espaço de legalização e instrumentalização das mais diferentes modalidades de ações do crime organizado.
Ridículos até mesmo na defesa da imagem em suas bases eleitorais, os congressistas eleitos com apoio da seita bolsonarista não se incomodam com a acusação de que só trabalham para aprovar projetos em benefício próprio ou em defesa da bandidagem. A movimentação em torno da anistia ampla, geral e irrestrita aos golpistas e aos vândalos da Praça dos Três Poderes nos dá a exata noção de que estamos entregues às ratazanas. Além de se protegerem atrás de toscas máscaras e de poderosos lobbies, os ratos agora querem se autoblindar e, no caso de Bolsonaro, se autoanistiar.
O atual Congresso brasileiro é pior do que uma gaiola de pombas loucas. Lembra aquelas casas de lenocínio do interior do país, as quais normalmente são mantidas pela cortesã mais antiga e comandadas por um soldado ou cabo de polícia. Nessas casas, a brincadeira preferida pelos frequentadores costuma ser o prazer negociado. É o sonho de consumo do traíra Eduardo Bolsonaro, o filho 03 que, caso, volte ao Brasil terá o mesmo destino do pai: o xilindró. Anistia só se o camarada topar se fantasiar de Javier Milei para shows diários em uma das citadas casas de saliência.
Deputado federal por São Paulo, o mesmo estado de Tarcísio de Freitas, Dudu Hambúrguer Frito conspira contra a economia, contra as leis e contra as instituições de Estado do país de origem. Apesar da trairagem, ele insiste em manter o mandato no exterior, ganhando um salário nababesco e surfando nas mesmas ondas do Pacu Donald Trump. Será que preciso dizer a qual família ele pertence? Além de cara de pau, o tal deputado parece o protótipo daquele tipo de brazuca que precisa ser estudado pela Nasa ou por um junta globalizada de psiquiatras. Ele ainda é brasileiro? Por aqui não faz falta alguma.
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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras