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Sagrado feminino

Muitos mistérios de Lilith à Luz da Magia

Publicado

Autor/Imagem:
Bahirah Abdalla - Foto Editoria de Artes/IA

Lilith, figura enigmática que circula com desenvoltura nas tradições religiosas, mitológicas e esotéricas, revela-se como um dos arquétipos mais poderosos e complexos do feminino. Associada à face oculta da Lua, Lilith simboliza o Sagrado Feminino, traduzido na independência, empoderamento, autoafirmação, rebeldia, sexualidade livre, insubmissão e autonomia espiritual. Se a Lua Cheia é plenitude e manifestação, Lilith é associada à Lua Nova, ao vazio e ao mistério. Essa polaridade ecoa o princípio hermético da dualidade: luz e sombra, presença e ausência, ordem e caos, “solve et coagula”.

Astronomicamente, a Lua Negra corresponde ao segundo foco da órbita elíptica da Lua em torno da Terra. É um ponto matemático invisível, mas que, na astrologia, é associado a energias ocultas. A ligação com a Lua reforça sua natureza cíclica: enquanto a Lua visível simboliza o feminino acolhedor e nutridor, Lilith é a Lua oculta, associada aos instintos, independência e mistérios do inconsciente.

Do ponto de vista astrológico, Lilith correspondente ao apogeu lunar, tornando-se um campo fértil para interpretações simbólicas. Lilith, representada pela lua com uma estrela no centro, surge como um ponto de sombra no mapa natal, revelando os aspectos relacionados à sexualidade, ao poder e à liberdade. Na leitura de mapas natais, Lilith marca áreas de sombra, de intensidade sexual e desafios ligados ao poder feminino. A título de exemplo, se Lilith se encontra na 1ª Casa, a pessoa se sente bem consigo mesma, lhe conferindo um forte magnetismo pessoal e refletindo sensualidade contagiante. E, quanto mais próxima ao Ascendente, tanto mais sensual. No mundo contemporâneo, Lilith é associada à mulher liberal, atraente, sedutora e sexualmente livre.

Na mitologia e na astrologia Lilith é uma entidade feminina que desafia o patriarcado ao manifestar a sua natureza selvagem. É o “espírito da loba” incorporado, exaltado, destemido e dominador.

As primeiras menções a Lilith encontram-se no folclore judaico-babilônico, onde aparece como demônio noturno (lilītu), associado ao deserto e às tempestades. No Talmude e no Alfabeto de Ben Sira (século X), Lilith surge como a primeira esposa de Adão, criada do mesmo barro, mas que se recusa a submeter-se a ele. Ao abandonar o Éden, torna-se símbolo de insubmissão, ligando-se posteriormente ao imaginário de bruxas, feiticeiras e sacerdotisas. Na Cabala, Lilith é vista como a contraparte sombria de Eva, associada ao erotismo transgressor e ao poder desestabilizador. Contudo, atualmente Lilith é reinterpretada como símbolo de emancipação feminina, representando a recusa em aceitar papéis sociais restritivos, descriminados e excludentes.

Já nas tradições místicas e mágicas, Lilith é evocada como força noturna, ligada tanto à sombra quanto ao poder regenerador, necessário à evolução. Ou seja, corresponde às trevas que antecedem a Luz. No esoterismo contemporâneo, Lilith é invocada como arquétipo da Grande Deusa em sua face noturna, regente da sexualidade sagrada, da magia lunar e da transgressão libertadora. Entretanto, sua energia é perigosa se manipulada de forma imatura, mas profundamente transformadora quando processada com responsabilidade e consciência.
Os rituais dedicados a Lilith variam entre práticas astrológicas, mágicas e iniciáticas, sendo realizados, em geral, sob a Lua Nova, momento em que o céu revela a ausência do luminar. As cerimônias são realizadas para libertação de padrões opressores, reintegração de aspectos sombrios da personalidade, reforço da autonomia e do poder criativo, magia sexual e alquimia interior, e tantos outros mais.

O altar deve ser simples, coberto por tecido negro ou vermelho, acompanhado dos símbolos associados: a serpente (sabedoria e transgressão), a coruja (noite e visão oculta), o espelho (autoconhecimento). Fazem parte dos rituais as ervas (arruda, artemísia, mandrágora); velas pretas (oculto e transformação) e vermelhas (paixão e energia vital); incensos à base de mirra, patchouli e benjoim.

Para a Consagração do ambiente fechado ou aberto, traça-se o círculo mágico, invocando os Quatro Elementos da Natureza: Terra, Água, Fogo e Ar. Na invocação são entoados cânticos ou recitações que chamem Lilith como “Senhora da Noite e da Lua Oculta”. Durante a meditação, o (a) Iniciado (a) contempla o espelho, buscando reconhecer seus desejos reprimidos ou aspectos ocultos da psique; como oferenda são servidos vinho tinto e pão, símbolos do sangue e da carne, podem ser depositados no altar. No encerramento são manifestados os agradecimentos à Deusa Lilith, desfazendo-se o círculo e deixando as velas queimarem até o fim.

Portanto, compreender Lilith à luz da Lua é reconhecer que não se trata apenas de um conceito astronômico, mas de uma complexa construção simbólica que atravessa mitos, astrologia e tradições místicas. Ela nos convida a olhar para além da superfície luminosa e a contemplar o vazio, a ausência e o mistério como elementos fundamentais da experiência humana.

Assim é!

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Bahirah Abdalla
Mestre Conselheira do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
@colegiodosmagosesacerdotisas

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