Solidão
Vestígios de Bruma
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Sempre que meus olhos se erguem ao firmamento,
recordo o calor etéreo das tuas mãos,
tão leves quanto o suspiro de uma flor ao vento,
despertando auroras no limiar do toque.
Hoje, minhas mãos vagam sem destino,
tateando o vazio que tua ausência deixou,
como folhas que buscam raízes
num solo que já não responde.
Quisera apagar o brilho do teu sorriso,
distanciar-me da dor que ele acende,
mas tua imagem repousa como cristal
gravado nas paredes do meu ser.
Penso em ti como fonte solar,
que me atrai e me inquieta,
mesmo quando minhas lágrimas
tentam dissolver os vestígios da tua partida.
Teu amor foi viajante breve,
que embarcou no trem da distância
e me deixou na estação do silêncio,
com bagagens de saudade e promessas não ditas.
Ninguém poderá amar-te com tamanha entrega,
pois há afetos que se disfarçam em brilho,
mas murcham ao primeiro inverno,
como jardins esquecidos pela luz.
E tu, que silenciaste o sopro dos teus gestos,
deixaste um eco no meu peito,
onde o tempo não cura,
mas transforma em poesia o que não pôde ser.