Em Poa
Saudade boa é como pastel que tem gosto de domingo
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Nestes dias em Porto Alegre eu me dei conta de algo muito prosaico, mas que mexeu comigo: estava com saudades do Point Beer, aquele barzinho que fica perto da casa onde morei. Não era apenas o lugar em si, mas a experiência. A lembrança mais viva é do pastel de camarão acompanhado de uma caipirinha gelada.
O pastel tinha gosto de domingo, de uma vida sem pressa. Crocante por fora, macio por dentro, era quase um convite para parar o tempo e apenas estar ali, em companhia boa ou mesmo na minha própria companhia. Já a caipirinha carregava outro simbolismo: o sabor dos momentos bons e despreocupados, de dias de sol em que a leveza tomava conta e parecia não haver motivo para preocupações.
Saudade é isso: um detalhe que se mistura a tantos outros e, de repente, revela muito mais do que parece. Ao lembrar do Point Beer, eu não recordo só do pastel e da caipirinha, mas de uma fase da minha vida em que o ritmo era outro. É como se o paladar trouxesse de volta a sensação de pertencimento, de uma Porto Alegre que também ficou dentro de mim.