Momentos
Quando só sobram nojo, cansaço e desencanto
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A desesperança tomou conta de mim. Ela não nasceu do nada, foi construída dia após dia, cada vez que presenciei o egoísmo descarado, a maldade gratuita, a hipocrisia e a indiferença que tantos exibem como se fosse algo natural. Não é todo mundo, mas é o suficiente para sufocar qualquer ilusão de melhoria.
É revoltante ver como a crueldade encontra palco e aplausos, enquanto a bondade se esconde, tímida, esmagada pelo barulho do ódio e manipulação. O descaso é mais visível que a compaixão, a mentira se espalha com mais força que a verdade, e o prazer em destruir parece mais atraente do que o esforço de construir um mundo melhor.
Meu descrédito vem desse ciclo podre, dessa repetição incansável de erros cometidos com orgulho. Há quem ainda resista, há quem ainda brilhe, mas parecem faíscas apagadas pelo vento de uma multidão que não quer enxergar nada além de si mesma.
O que sobra em mim é cansaço, nojo e desencanto. Não consigo mais acreditar em redenção coletiva quando vejo tantos satisfeitos em afundar, rindo enquanto o mundo arde. Minha desesperança é amarga, e por mais que eu queira, não encontro mais fé no que chamam de humanidade.