A VILA DOS PEIXES AO SOL

Tarde cai Sol desmaia
homens travam a luta com o mar
noite abraça peixes e lua
mãos calejadas
e almas repletas de luz.

Lidamos dia a dia com pequenas mortes
Por mim, só espero que devolva à terra e ao mar
as folhas que reinventam das cinzas e do húmus
o corpo justo que há de vir
um descanso de paz

A seiva, os peixes ao Sol
as algas e os sacos plástico ao mar
a descida ao inferno não dura uma vida inteira
Só a metade de nós se mistura com as sombras
a outra metade permanece aguardando e pescando

Lançando redes contra marés
Cortando tardes e ventos
Matando a fome e esperando
pacientemente o peixe e o grão fértil
que emergem de outro dia de esperança

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Gilberto Motta é escritor, jornalista com olhar atento para a lida dos trabalhadores do mar. Vive na pequena vila da Guarda do Embaú no litoral de SC.