Crianças
SOMOS SERES ETERNAMENTE INFANTIS…
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Já parou para pensar que vivemos sempre com expectativas? Nossas sobre os outros, dos outros sobre nós… esperamos que as pessoas nos doem sempre mais do que elas realmente podem ofertar… e vice-versa. Somos cobradas a todo instante por aquilo que não podemos realizar e cobramos de outras pessoas na mesma medida. Não é algo que façamos propositalmente… na realidade, nem percebemos tal atitude de nossa parte… somente quando somos o alvo é que nossa atenção é despertada…
Quando desejamos alguma coisa… não importa o que seja, ficamos com aquele pensamento martelando nossa mente o tempo todo. Contamos os minutos, os segundos… na esperança de que nosso sonho se realize. E, logicamente, sempre há alguém que, em nossa imaginação, será a responsável por tornar nossa expectativa em realidade. E isso nem sempre acontece… mesmo porque muitas vezes tal pessoa não faz a menor ideia do que você espera dela…
Claro que, quando somos crianças, tais sensações são fortes e demonstramos ao mundo o quanto desejamos alguma coisa. E o quanto nos sentimos felizes quando somos atendidas e o quanto nos decepcionamos quando nos tiram daquele sonho tão lindo no qual estamos inseridas… mas se engana quem pensa que, ao chegarmos à idade adulta deixamos de esperar por “coisas impossíveis” de se realizar…
Eu diria que, na realidade, jamais crescemos de verdade. No fundo de nossa alma continuamos a mesma criança ingênua dos primeiros meses de vida. Claro, fisicamente crescemos. E adquirimos conhecimentos que não tínhamos quando chegamos a este plano. Mas nos recônditos de nossa alma toda a inocência que nos acompanhou em nossa chegada a este plano continua ali, intocada…
“Ah, mas a maioria dos adultos deixou de sonhar, muitas vezes trai a confiança de seus pares”… pois então… é um bebê fazendo birra, tentando conseguir aquilo que deseja de qualquer maneira… não importa como. Lembre-se que bebês ainda não tem seu caráter formado, estão em construção. E de vez em quando, no correr de sua jor-nada, essa pequena parte de sua origem domina suas ações…
Quando algo atrai sua atenção, seja um objeto, um local ou uma pessoa, o que ocorre é que seu lado infantil se ativa instantaneamente. A reação pode ser positiva ou negativa. Como um bebê você pode sentir-se bem em determinada situação, assim como o desconforto pode se tornar evidente. É seus instintos primitivos em ação, tentando colocar ordem nas coisas que estão ocorrendo ao seu redor…
O fato de evoluirmos para a idade adulta não interfere, de forma alguma, em nossas ações primitivas. Continuamos com expectativas tais como quando ainda estávamos confinadas no berço, dependentes da ajuda dos adultos. Claro, conforme vamos crescendo deixamos de depender fisicamente de outras pessoas, mas emocionalmente estaremos sempre ligadas a alguém…
É quando começamos a criar expectativas… em nosso íntimo desejamos ser o centro da vida das pessoas que amamos. Somos egoístas, não queremos dividir a atenção daqueles que “nos pertencem”, seja como amigos, parentes ou algo mais próximo. Já reparou que normalmente você se sente incomodada quando uma pessoa que lhe é cara é amiga de algum desafeto seu? Em alguns casos, sua reação é de sentir-se traída, sendo que pode até mesmo haver rompimento de sua relação com a amiga em questão…
O que você não consegue entender… e aí entra sua personalidade infantil… é que você pode até ser importante para a pessoa. Mas você não é, de forma alguma, o centro do mundo desta. Assim como muitas pessoas de seu círculo pessoal não são sua primeira preocupação em sua caminhada por esse mundo onde vivemos… embora, em um primeiro momento, seja essa a impressão que elas têm com relação a você…
Por acreditarmos ser o centro do mundo… bem, na verdade você é o centro… mas de seu mundo, apenas… quando a realidade se apresenta nua e crua a nossa frente, nos sentimos traídas por aqueles que nos eram tão caros. E então o desejo de punir os que ousaram nos decepcionar flui por nossa mente e tal sentimento é tão forte que, enquanto não executamos tais ações, não nos sentimos em paz com nossa alma. Não que nos sintamos bem depois de cometermos tal ato. Na verdade, dependendo de qual foi a ação por nós tomada, o arrependimento pode nos derrubar por algum tempo. Mas, como eu disse, no fundo somos crianças. Birrentas. E pouco a pouco vamos nos esquecendo dos atos por nós cometidos e até tentamos reatar as relações de confiança que quebramos porque aquilo que desejávamos e aquilo que vivenciamos não eram a mesma coisa. Sim, eu sei que isso é algo difícil de digerir… mas é assim que a vida funciona…
As expectativas por nós criadas são tão fortes que acabam nos dirigindo em direção àquilo que achamos ser o melhor para nosso destino. E nem sempre tal se mostra a melhor escolha. Porque expectativa e realidade são coisas diferentes…
E assim vamos seguindo em frente, sempre desejando mais do que merecemos, doando menos do que podemos. Porque em nossa imaginação, aquilo que doamos tem muito mais valor do que o que nos foi ofertado. Porque nosso lado infantil nunca está satisfeito com o que nos foi ofertado, de coração… sim, somos egoístas. É um de nossos inúmeros defeitos de fabricação. E vencer esse sentimento mesquinho que por vezes nos domina, não é uma tarefa fácil. Isso não significa que não podemos vencê-lo… mas que, até que tenhamos plena consciência de nossas fraquezas, seremos dominadas por expectativas impossíveis de se realizar. E o sentimento de frustração será nosso companheiro. Porque simplesmente deixamos nosso lado infantil dominar nossa alma. E, ao invés de agir racionalmente, continuaremos a reagir a cada momento frustrante da maneira que para nós parece ser a que funciona… fazendo birra até que sejamos atendidas… mas não é assim que a vida funciona, não é mesmo?…