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Marina Dutra

O mundo das mulheres insuportáveis atende pelo nome de exaustão

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Autor/Imagem:
Marina Dutra - Foto Francisco Filipino

A exaustão feminina geralmente tem suas raízes na infância, em uma ferida que aprendeu a não confiar. É quando a menina internaliza, ainda pequena, que precisa se virar sozinha e dar conta de tudo, porque teve pais emocionalmente ausentes que não lhe ofereceram o amparo e a proteção necessários. Essa criança cresce acreditando que o mundo é pesado e que ela é a única responsável por carregá-lo.

Assim, a mulher assume na relação adulta um lugar que não é seu, repetindo um padrão antigo. Ela começa a fazer além da conta, a segurar tudo, a cuidar, a prover. E quando ocupa esse espaço, o que acontece? Atrai homens fracos, que se acomodam em sua força. É aí que nasce a exaustão. Porque, além de carregar a própria vida, ela passa a carregar a vida do outro também. Precisa ser forte o tempo todo, segurar todas as pontas, enquanto por dentro vai se esvaziando.

E, para completar, ainda vem o rótulo: “chata”, “insuportável”, “difícil”. Mas a verdade é que não somos insuportáveis. Estamos apenas reagindo ao peso de um papel que nunca deveria ter sido nosso.

A exaustão feminina não é frescura. É consequência direta de relacionamentos disfuncionais, nos quais os papéis estão invertidos. Quando a mulher ocupa o espaço de provedora absoluta, automaticamente retira do homem a oportunidade de assumir seu papel de força, amparo e direção. E esse desequilíbrio, cedo ou tarde, cobra seu preço.

Quantas vezes vemos mulheres brilhantes, fortes e capazes afundadas em cansaço, não porque lhes falta competência, mas porque lhes falta parceria verdadeira? A conta não fecha. Ninguém dá conta de ser mãe, esposa, provedora, cuidadora, conselheira e ainda manter um sorriso leve no rosto. A sobrecarga tem nome: injustiça emocional.

E aqui vai um ponto importante: uma das escolhas mais sérias e impactantes da vida é a escolha do parceiro. Essa decisão tem o poder de nos impulsionar ou de nos puxar para baixo. Não é exagero dizer que, muitas vezes, o destino de uma vida inteira se define nesse ponto.

Se você, homem, vive chamando sua mulher de “chata” ou “difícil”, talvez valha a pena se perguntar: será que ela é assim mesmo, ou será que está apenas reagindo a um espaço que eu deixei de ocupar?

Saiba que você ganha muito mais fazendo a sua parte do que jogando esse peso nas costas dela. Quando alguém assume um papel que não é seu, isso trava a relação e sobrecarrega ambos. É maravilhoso se relacionar com uma mulher leve, mas isso só acontecerá se ela puder exercer apenas a sua feminilidade, o que, por sua vez, dará espaço para que você exerça a sua masculinidade. Viver um relacionamento assim é incrível.

E você, mulher, seja mais seletiva. Não permita que a carência ou a velha crença de que “precisa dar conta de tudo sozinha” escolha seu parceiro. Entenda que, se você não escolher bem, acabará tendo que fazer o papel dele. E não há corpo nem alma que aguente esse peso por muito tempo.

No fim, tanto para homens quanto para mulheres, a questão é a mesma: reconhecer o próprio papel e ter a coragem de assumir o que é seu. Buscar ajuda, se necessário. A terapia é fundamental para curar essas feridas antigas, clarear, reorganizar as funções e permitir que cada um ocupe o lugar que lhe pertence de verdade.

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Marina Dutra – Terapeuta Integrativa
Instagram: @sersuperconsciente
E-mail: sersuperconsciente@gmail.com

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