Psyops
Uma narrativa sobre o metanol que anda por aí
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A terceira guerra mundial está em curso há muitos anos. Os conflitos bélicos com explosões que dilaceram pessoas são meros enfrentamentos localizados para distrair a imprensa e seus espectadores. A bomba silenciosa e recíproca não é nuclear e tem nome: psyops. Para esclarecer a maioria dos vivos, que desconhece a letalidade dessa arma, psyops são narrativas disparadas pelas nações dominantes, umas contra as outras, que têm como alvo a hegemonia geopolítica e o domínio ideológico de territórios em nosso pobre planeta.
Trocando em miúdos, no Brasil, por exemplo, a palavra democracia foi sequestrada pelo atual grupo que tomou o poder executivo, com o declarado apoio dos poderes legislativo e judiciário. Ambos utilizam massivamente o termo democracia como justificativa de seus atos, mesmo inconstitucionais, sem disfarçar a simpatia por parceiros de primeira hora, gente como Xi Jinping – dono da China, país fenômeno do momento, que clonou tudo que encontrou pelo mundo, exceto constituições de países livres.
Lá os indisciplinados que cospem no chão são transformados em sabão sumariamente; gente como Ali Khamenei, aiatolá iraniano que mantém mulheres proibidas de frequentar escolas. Um paraíso onde desobedientes são decapitados; gente como Vladimir Putin, russo invasor que encontra dissidentes em qualquer lugar do planeta e executa opositores com a pena de morte, sem julgamento; gente como o caminhoneiro venezuelano Nicolás Maduro, consultor senior de como organizar milícias e cooptar integrantes das forças armadas, mediante gorda remuneração obtida com o narcotráfico; gente como Kin Jong-un, norte-coreano que comemora aniversários disparando artefatos pirotécnicos nucleares por sobre países vizinhos. Lula acha essa turma legal, amigos do peito.
No campo das psyops – operações psicológicas – determinante nos domínios do Século XXI, vencer essa turma hoje reunida no Brics, não é tarefa fácil. Eles sabem mentir com competência. No Brasil, basta dizer que tudo podem o Congresso Nacional e o Judiciário em nome da… democracia. O enredo colou. A narrativa tem ampla repercussão e apoio na imprensa irresponsável e entre artistas, atores e compositores incendiários, que consideram um insulto metade da população brasileira ter, como instrumento de psyops, tomado para suas fileiras as cores da bandeira nacional. A força-tarefa vermelha, infiltrada atualmente nos três poderes da arrombada República, contou com a sorte.
No meio do caminho tinha uma pedra. Não, quatro: Bolsonaro e seus zeros – 1, 2 e 3 – atrapalhados que não entenderam a guerra moderna. Foram facilmente neutralizados e entregaram de graça o maior dos fundamentos aos agentes dos Brics e seus apoiadores: a palavra democracia. Agora todas as barbaridades em Brasília são cometidas em nome dela. No Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, nos tribunais.
A sorte de encontrar a pedra no caminho foi a oportunidade de substituir as perdidas cores da bandeira nacional pela… democracia. Um deboche. Jinping, Jong-un, Khamenei, Maduro, Putin, Lula e mais um aliado, o cubano Diaz-Canel, dão gargalhadas saboreando um mojito em Havana, sobre como vencer a guerra das psyops em território brasileiro. Na Casa Branca, outro manipulador de narrativas está irritado. Um grupo de países totalitários, assassinos, está invadindo o Brasil, debaixo do seu nariz, e a qualquer momento haverá um pronunciamento de alguma autoridade brasileira afirmando que aqueles regimes são… democratas. Seria outro deboche.
No Palácio da Alvorada pode acontecer um diálogo sobre o assunto:
“Janja, tem certeza que não tem metanol nesse copo? Tô vendo uma avestruz, juro!”
– “Claro que não, meu bem. Mandei o ajudante de ordens provar antes. E são emas, não avestruzes. São tradicionais nos jardins do Alvorada, você já morou aqui.”
– “Acho que essas narrativas estão irritando o Trump e atrapalhando minhas ideias…”
– “Quais narrativas?”
– “Essa de ficar repetindo democracia, democracia… Tá pegando mal depois que o STF fica usando toda hora.”
– “Normal, meu bem, faz parte das psyops.”
– “Onde aprendeu isso, Janjinha?”
– “ A Dilma me explicou.”
– “Traz mais um, duplo!”
Na Casa Branca, Trump convoca o Pete:
“Acha que devo ligar pra ele?”
– “ Presidente, o senhor conversa com todo mundo, inclusive com comunistas.”
– “Mas esse é mais malandro que os outros. Ele já dominou tudo em Brasília, todos os poderes. Está entregando o país pra China. Daqui a pouco vão fechar as fronteiras, estatizar tudo, não estou gostando disso.”
– “Presidente, a turma dele tem propriedades na Flórida, Califórnia, Nova York…”
– “Como é que é? Só me diz isso agora? Você, Pete Hegseth, é meu secretário de Defesa! Quero o nome de cada um, perdi a paciência!”
– “Mas o senhor vai ligar pra ele?”
– “Estou pensando… deixe o telefone aqui, vou decidir. Deixe também o KY, por precaução…”