Tombo passageiro
Amor próprio e autoestima permitem-nos levantar e sacudir a poeira
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Você já sentiu ter fracassado miseravelmente simplesmente por ter confiado que valorizavam aquilo que ofertava, de coração, às pessoas a sua volta? Sabe, quando você acredita fazer parte de um grupo e é incentivada pelo líder deste a criar um evento, se prepara toda para este, dá o seu melhor para que tudo saia de acordo com o que planejou… afinal, te disseram o quanto você era importante para o grupo e você acreditou… e no dia do tal evento nenhuma alma comparece, nem mesmo aquele que te incentivou a fazer tudo aquilo? Foram horas e horas de trabalho de sua parte, onde preparou tudo com o maior carinho, para dar àqueles que, teoricamente, apreciavam seu trabalho para descobrir da maneira mais rude que tudo o que você faz nada significa para estes? É um baque difícil de superar…
Claro que a gente dá um sorriso amarelo e finge que nada daquilo fez diferença em nossa vida… compreendemos que as pessoas tinham seus compromissos já agendados para aquele dia e horário, e mesmo aqueles que tinham confirmado que apareceriam acabam descobrindo que não poderiam te honrar com sua presença…
Bem, você fica com cara de tacho, isso é natural. Quer falar sobre a falta de respeito das pessoas, mas sabe que não pode cobrar de ninguém aquilo que elas poderiam ter te ofertado por conta própria, se achassem que você havia merecido tal deferência dos mesmos. O nó na garganta fica de tal forma que você não sabe como agir… até faz uma pequena reclamação que ninguém leva a sério, duas ou três pessoas se desculpam por não ter conseguido te prestigiar, mas isso não significa que não te consideram, simplesmente não foi possível, naquela data, te dar alguma atenção… vida que segue, não é mesmo?…
Já passei por muitas situações desse tipo e estou acostumada com tais atitudes. São várias promessas não cumpridas, situações nas quais seria convidada a participar, mas que tal convite jamais se concretiza… ou seja, embora da boca para fora muitos te elogiem, passem a mão em sua cabeça, na realidade você não tem nenhum valor para aqueles que te cercam. Mesmo que te digam o contrário… afinal, é bom para o ego ser elogiado por alguém, mesmo que este elogio seja apenas “pró forma”…
A ilustração desta crônica é para lembrar-me do maior fracasso… até agora… por mim sofrido. Já havia participado de alguns saraus e um belo de um dia alguém me convido a organizar um, onde eu poderia apresentar meus trabalhos. Confiando na palavra desta pessoa, levei quase dois meses planejando o evento, marcando uma data e fazendo propaganda do mesmo no grupo em questão. Chegando o tão esperado dia, somente uma pessoa do grupo compareceu… bem, ao menos uma pessoa se dignou a dar-me atenção, e sou grata a esta. Mas isso machucou, e muito, meu ego. Claro que não admiti isso em público, mas foi algo que ficou por muito tempo me machucando. A partir desse momento percebi que não fazia parte de tal grupo, pois ninguém estava interessado naquilo que eu poderia apresentar. Enquanto passeios e outras atividades sempre tinham interação de alguns membros, um evento onde o que estaria em voga seria a literatura, onde poderíamos debater ideias e descobrir novos horizontes não despertou interesse de ninguém…
Sim, senti-me um lixo, mesmo com as palavras de apoio… eu diria de consolo… de alguns membros do grupo após o fracasso retumbante. O que essas pessoas… todas elas… não perceberam, ou não quiseram perceber, é que simplesmente me colocaram para escanteio, mesmo falando o quanto eu “era importante” dentro do grupo… percebi o tamanho de minha importância, na ocasião…
Não estou querendo criticar ninguém, embora o esteja fazendo. Desde aquele momento fatídico meu interesse pelo grupo se foi arrefecendo, tendo mesmo me afastado por algum tempo. Retornei, pois a única coisa que sei e gosto de fazer é escrever. Sei que na maioria das vezes meus textos são “palavras ao vento”, pois por não dizerem nada do que as pessoas gostam de ler, ficam esquecidas no meio de mil mensagens onde o que predomina é a frivolidade de cada um. Nada contra, nem a favor…
A única coisa que peço, de coração, é que evitem machucar as pessoas que estão ao seu redor. Amor próprio e autoestima podem ser machucados, e muito, por uma ação não pensada pelos componentes de qualquer associação. Discutir sobre assuntos aleatórios é legal. Mas fingir dar atenção a alguém e simplesmente ignorar este quando em uma situação específica, bem, isso é complicado. Levei um bom tempo para me recuperar do tombo em questão… na verdade, não sei se já estou totalmente recuperada, mas pelo menos consegui falar o que realmente sinto sobre o assunto…
Sabemos que cada pessoa tem seu problema pessoal e ninguém realmente se importa com seu semelhante… afinal, eu estou sempre em primeiro lugar… mas quando se comprometerem a fazer algo, quando incentivarem alguém a fazer algo, a prestigiem… pois nada é mais humilhante que a pessoa perceber que ela não vale nem mesmo uma moeda de um centavo… que ela não faz, realmente, diferença na vida de nenhum de seus conhecidos…