Pai dos deuses
Quando Zeus despejava toda a sua fúria lá do Olimpo
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Na Grécia antiga, o trovão era mais do que um ruído nos céus — era a voz de Zeus, o pai dos deuses, ecoando do Olimpo. Cada relâmpago era um gesto divino, uma advertência. Quando Zeus despejava sua fúria sobre os humanos, o mundo se curvava: mares se enfureciam, ventos rasgavam montanhas, e o fogo dos céus riscava a terra como uma sentença.
Mas o que fazia o senhor do raio perder a paciência com os mortais?
A resposta estava na arrogância humana. Zeus odiava a hybris, o orgulho que levava os homens a esquecer sua condição. Cada vez que um rei se achava igual aos deuses, ou um guerreiro tentava desafiar o destino, o trovão rugia. Assim foi com Sísifo, que tentou enganar a morte; com Prometeu, que roubou o fogo sagrado; e com Níobe, que ousou comparar sua beleza e fecundidade à de Hera.
A fúria de Zeus não era gratuita — era pedagógica. Servia para lembrar aos humanos que o equilíbrio do cosmos dependia do respeito às forças que o regiam. No Olimpo, justiça e ira andavam de mãos dadas. O raio era o instrumento de correção, o castigo que devolvia a ordem quando o mundo pendia para o caos.
Entretanto, havia algo de profundamente humano no deus dos céus. Sua cólera também nascia de paixões — ciúme, vaidade, desejo. Ele, que devia ser o símbolo da razão divina, era o primeiro a se perder em amores e intrigas. E talvez resida aí a verdadeira lição da mitologia grega: até os deuses refletem os vícios e virtudes dos homens.
Quando Zeus trovejava, não era apenas a natureza que estremecia — era a consciência humana sendo sacudida. Cada tempestade era um lembrete de que a medida das coisas não está na força, mas na reverência ao que é maior que nós.