Crônicas Praieiras
A RABADA
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Naquela tarde a confusão começou cedo:
“Zefa, vamos de rabada hoje?”
“Pare Astolfo: você nunca me enrabou!”
“Não… falo do rabo da vaca”
“Tais loco? Deixa a minha mãe fora disto, tá!”
Eis que chega o filho, Marcão, também pescador:
“Mãe, o que tem de rango?”
“Nada ainda. Teu pai quer rabada”
“O véio, tais doidão?… Quase 70 anos e tá com essa manias de sexo pesado?”
“SENHOR!!!! Tô falando do rabo da vaca!”
“O pai deixa a minha vó fora deste lance maluco, tá”
Voltando do trabalho no restaurante Del Mar, Serafina, a filha-mulher do casal também chega querendo comida-conduto:
“Mãe, o peixinho tá pronto?”
“Nada filha: teu pai enrabar-me!”
“Como? O pai… O que deu agora nessa cabeça de mané?”
“Filha…por Jesus Cristinho do céu… tô falando do rabo da vaca.”
“O pai… Você nunca gostou mesmo de minha vó, né?”
Caiu a noite e a casa ficou sem comida.
Astolfo chamou todos e foram comer um Mac’Dnald no centrinho da Guarda.
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Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador e viciado em rabada. Vive na Guarda do Embaú, vila de pescadores no litoral Sul de SC.