Tamanho do “coiso”
Melhor que brigar por políticos é fazer sexo, comer pipoca e ter vinho
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Paradoxalmente, estamos em um tempo em que se briga por políticos e não mais por política. Considerando que políticos passam como o vento e que não são eles que nos sustentam, o homem que briga por causa de política tem a mesma inocência de um soldado que vai à guerra. Os políticos se acham cachorro grande. Talvez sejam. Como somos maioria, tenho esperança de que nós, os pinschers, um dia perceberemos que também somos fortes e que podemos lutar em condição de igualdade.
Antes disso, é preciso saber votar, compreender que, para alguém vencer, o outro tem de perder, entender que pensar igual é sinônimo de mesmice e, principalmente, parar com a idiotice de idolatrar quem nos ignora. No atual contexto, vale aquele ditado de que brigar por político é o mesmo que ter uma crise de ciúme nas casas destinadas à prática da saliência sem fins procriativos. Por enquanto, a única certeza que tenho é que, a cada dois ou quatro anos, o povo se desentende por quem só pensa em lascar a vida dele.
Sabemos de cor e salteado que, quando há interesse, o PT de Luiz Inácio, o PL de Jair Bolsonaro e o PP de Ciro Nogueira (PI) e de Airton Lira (AL) se unem em alianças municipais e estaduais e votam unidos propostas capazes de encher os bolsos dos parlamentares das três legendas. O recente e abusivo aumento do Fundo Eleitoral dispensa mais comentários. Por isso é que, de plena posse de minhas faculdades mentais, deliberadamente escondi meu título de eleitor em lugar incerto e não sabido. Melhor assim.
Aliás, sugiro que, a qualquer sinal de conflito político na família, comprem pizza, estourem pipocas, assistam um jogo do Flamengo ou do Vasco contra um adversário da Argentina ou do Uruguai, imaginem Xandão se descabelando com mais uma derrota do Corinthians ou, na pior das hipóteses, façam sexo. Na melhor, tomem um bom vinho e não se esqueçam de que, enquanto a Brasília e o Monza de dois carburadores estão prestes a fundir o motor, “nossos ídolos” circulam de Mercedes, BMW, Land Rover e, agora, com os modelos tops da chinesa BYD.
Com muito sacrifício, antes de morrer, talvez consigamos ganhar na quermesse da igreja ou no Familhão do narigudo Luciano Huck uma Lambe Rola 1971. Infelizmente, o Brasil se transformou em um país que não consegue se unir nem para comemorar suas vitórias. Com três indicações ao Oscar e ganhador do prêmio de melhor filme internacional. “Ainda Estou Aqui” foi literalmente esquecido pelos brasileiros que amam odiar Lula e adoram amar Bolsonaro. Um dos atores brasileiros mais premiados, Wagner Moura é odiado pelos bolsonaristas por sua opção ideológica.
Curioso é que os mesmos bolsonaristas odeiam os “esquerdopatas” que abominam Regina Duarte, a ex-namoradinha do Brasil. Afinal, quem tem razão? A menos de um ano de uma nova eleição presidencial, a preocupação das autoridades eleitorais é com a possibilidade de as fakes news serem substituídas nas redes sociais por nudes dos dois principais candidatos. Aí a briga será pelo tamanho do “coiso”. Como no Brasil a eleição não acaba nunca, o TSE ou o STF bem que poderiam conceder aos dois um título para evitar novos e futuros conflitos. Quem sabe Dom Preso I e Dom Preso II. Fica a dica.
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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras