Ação desastrosa mata 64
Estado policialesco escancara crise moral como sinal verde no País
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Ontem, a desastrosa operação ocorrida no Rio de Janeiro, sob a justificativa de combater o Comando Vermelho, expôs muito mais do que o insucesso do poder público em lidar com o crime organizado. Escancarou uma ferida moral que há tempos nos acompanha: a naturalização da morte sem julgamento.
O sentimento de parte da população é de que pessoas que cometem crimes merecem morrer rápido, sem defesa, sem processo, sem juiz, sem lei. É como se o Estado pudesse se vingar em nome de todos nós.
Mas isso é uma aberração dentro de qualquer regime que se pretenda democrático. Democracia não é apenas o direito de votar; é, sobretudo, o respeito às garantias individuais, inclusive de quem erra, de quem comete crimes, de quem ameaça a ordem. Se abrirmos mão disso, o Estado deixa de ser um instrumento de justiça e passa a ser uma máquina de vingança.
É difícil sustentar esse argumento quando as manchetes estampam crimes cruéis, quando as pessoas vivem com medo. Mas justamente nesses momentos é que os princípios devem prevalecer. O poder público precisa ser eficiente, sim, mas dentro da legalidade. Porque se aceitarmos que o Estado pode matar em nome da “segurança”, amanhã ele poderá matar em nome de qualquer outra coisa. E ninguém estará a salvo.
