Violação do corpo
Assédio sexual, literalmente, é muita falta de vergonha
Publicado
em
Nesta semana, a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, sofreu assédio sexual em plena rua, diante de todos. Um homem a tocou e tentou beijá-la à força. Como se a posição dela, o local público ou o fato de haver câmeras e testemunhas fossem irrelevantes. É revoltante, mas também emblemático. Mostra, de forma cruel, o quanto ainda há homens que se sentem no direito de invadir o corpo de uma mulher, sem medo, sem constrangimento, sem pudor.
Não importa o país, a cultura ou o nível social: a sensação de impunidade é universal. O corpo da mulher segue sendo tratado como algo disponível, como se existisse sempre um “direito masculino” de ultrapassar limites. É assustador perceber que, mesmo no século XXI, com todo o debate sobre igualdade e respeito, ainda há quem ache normal “brincar”, “encostar”, “forçar um beijo”.
Quando até uma presidenta, uma mulher com poder, visibilidade e autoridade, é violentada dessa forma, o que sobra para as demais? É um lembrete doloroso de que o assédio não é apenas uma questão de segurança pública, mas de cultura e educação. Enquanto homens continuarem se sentindo à vontade para abusar de mulheres, nenhuma de nós estará realmente segura. E o pior: não é falta de testemunhas, é falta de vergonha.