Pernambuco
Ambientalistas denunciam devastação em Suape
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Pescadores artesanais e ativistas ambientais denunciaram, nesta semana, a morte de dezenas de cavalos-marinhos nas águas próximas ao Complexo Industrial e Portuário de Suape, no litoral sul de Pernambuco. Os relatos apontam que os animais começaram a aparecer mortos nas últimas semanas, após o avanço de obras de dragagem e ampliação do porto.
Segundo os pescadores, a presença dos cavalos-marinhos — espécie símbolo dos manguezais e considerada bioindicadora da qualidade ambiental — vem diminuindo drasticamente na região. “A gente vive do mar e conhece cada canto. De uns meses pra cá, tá tudo diferente. A água mudou de cor, o fundo ficou tomado de lama, e os bichos tão sumindo”, contou o pescador João da Costa, morador da comunidade de Gaibu.
Organizações ambientais, como o Instituto Bicho do Mangue e o Fórum Suape Ambiental, afirmam que a dragagem e o despejo de sedimentos estão afetando diretamente os ecossistemas costeiros e os criadouros naturais dos cavalos-marinhos. “A morte desses animais é um alerta grave. Isso mostra que o equilíbrio do mangue está sendo comprometido”, declarou a bióloga e ativista Marina Torres.
O Ministério Público Federal (MPF) confirmou que abriu uma investigação para apurar a possível relação entre as obras do porto e a mortandade dos cavalos-marinhos. Em nota, o órgão informou que solicitou estudos técnicos ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), além de pedir esclarecimentos à administração do Porto de Suape.
Em resposta, a empresa Suape Complexo Industrial Portuário afirmou, por meio de nota, que segue todas as normas ambientais e que realiza monitoramentos constantes da qualidade da água e da fauna marinha. A administração também garantiu estar colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos.
Especialistas alertam que o cavalo-marinho (gênero Hippocampus) é uma espécie vulnerável e protegida por lei federal. A perda desses animais pode afetar toda a cadeia ecológica do manguezal, já pressionada pela poluição e pela urbanização costeira.
Enquanto isso, pescadores locais pedem medidas urgentes para conter os impactos ambientais e garantir a sobrevivência das espécies. “O porto traz progresso, mas não pode matar o que é nosso. O mar é nossa vida”, desabafa João.