Entre o Sagrado e o Abismo
Por que a humanidade precisa acreditar em um ser Supremo para ter paz?
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Desde que o homem olhou para o céu e viu o trovão, a chuva e as estrelas, ele começou a perguntar-se: por quê? E dessa pergunta nasceu o sagrado. As religiões, em todas as suas formas — dos cultos solares do Egito às igrejas digitais do século XXI — são tentativas humanas de traduzir o incompreensível, de dar sentido ao que escapa à razão.
Apostar na fé é, antes de tudo, um gesto de vulnerabilidade. A humanidade deposita suas esperanças em deuses, profetas, santos e energias invisíveis porque teme o vazio. A morte, o sofrimento e a solidão são abismos que a ciência ainda não preencheu. A religião, nesse contexto, surge como ponte: oferece um significado, uma narrativa e uma promessa.
Mas há também o lado humano da crença. As religiões criam comunidade, identidade, pertencimento. O indivíduo, isolado em sua consciência, encontra no templo — físico ou simbólico — um espelho de si mesmo em outros rostos. Cantar, rezar ou meditar em grupo é reafirmar que não estamos sós no universo.
Com o tempo, cada cultura moldou sua própria versão do divino. Uns o chamaram de Javé, outros de Alá, Buda, Oxalá ou Energia Cósmica. A multiplicidade das religiões talvez revele mais sobre nós do que sobre o próprio Deus. Cada fé é uma linguagem — imperfeita, mas necessária — para expressar o indizível.
No fundo, a humanidade não acredita apenas em deuses. Acredita na esperança de que há algo maior que a dor. E enquanto houver noites escuras e corações inquietos, haverá alguém de joelhos — não por submissão, mas por necessidade de sentido.
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Anabelle Santa’cruz é Editora de Oráculos