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Campanha antecipada

PL Antifacção de Derrite deve agradar só ratos de porão da Câmara

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Heliodoro Quaresma - Foto Lula Marques

A mentira que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), tentou esconder ao escolher a dedo o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o PL Antifacção veio à tona na noite dessa terça-feira (18). Empenhado pessoalmente na tarefa de descaracterizar o projeto do governo federal, Motta deu a ordem e Derrite, menino de recados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a cumpriu integralmente. Em síntese, o que poderia ser uma resposta à crise na segurança pública gerada pela encomendada megaoperação no Rio de Janeiro, terminou na Câmara como um panfleto de proteção ao crime organizado, nele incluído parte da turma com mandato.

Inicialmente decididos a trocar a denominação encher linguiça por catar coquinho, procurar pelo em ovos ou pentear macacos, as excelências que atendem pejorativamente pela alcunha de deputados federais apostaram todas as fichas na equiparação de facções a terrorismo. Patetismo e erudição política à parte, ficou evidente o DNA de enxugadores de gelo dos representantes da direita nada cartesiana e bastante afeita a se transformar em catadora de piolhos nos pets do clã Bolsonaro e, se necessário, de chatos na imbrochabilidade do ex-presidente.

Como pensar diferente de um colegiado que se reúne um dia e outro também para produzir cada vez mais asneiras e coisa alguma em benefício do povo. Qualquer neófito em segurança pública sabe que bandidos, traficantes, milicianos e empresários organizados como criminosos não se combatem com discursos, projetos básicos para definir entrada e saída dos morros, tampouco com convescotes regados a vinhos importados e canapés dos buffets da moda no Rio, São Paulo e em Brasília.

Seja ela organizada, desorganizada ou eleita, a bandidagem só pode ser controlada com ações firmes e responsáveis, com leis severas e, principalmente, com votos conscientes. Mudar o nome de toba para fiofó não mudará a realidade dos moradores das comunidades invadidas pelas facções, pelas milícias e, agora, pelos candidatos à impunidade parlamentar. Pelo contrário. Depois que a política subiu os morros, a população local ficou ainda mais indefesa.

Talvez seja essa a razão pela qual o presidente da Câmara teve tanta pressa para dar uma resposta à sociedade sobre o que ele chama de Marco Legal de Combate ao Crime Organizado. É claro que, depois da relatoria do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), o que sobrou do projeto do governo Lula 3 provavelmente nem o gato do quintal da casa de Hugo Motta conseguirá enterrar. No máximo, agradará aos ratos de porão do Congresso Nacional.

Segundo Motta, a proposta tomou conta do Brasil. Ela estava nas rodas de conversa e nas redes. A que Brasil a excelência paraibana sem noção se refere? E quais as rodas e redes? Poucos brasileiros sabem o que de fato foi tratado. No entanto, a maioria tem certeza de que, se o marco realmente fosse legal, metade da Casa teria de ser expulsa e convidada a se dirigir à penitenciária mais próxima. Na tentativa de trocar seis por meia dúzia, Hugo Motta e Derrite aprovaram a sexta versão da relatoria

Notoriamente, o objetivo maior de ambos é, além de proteger os chefes do crime e evitar a apreensão imediata de bens ligados às facções, reduzir os recursos apreendidos dos criminosos e destinados à Polícia Federal. Ao contrário do que Motta acredita, a população está mais atenta do que imagina sua vã filosofia. Deus e o mundo sabem que ele e Guilherme Derrite, a pedido do governador Tarcísio de Freitas, usam o PL Antifacção para fazer campanha política antecipada, o que se constitui crime. Portanto, enquanto não mostram ao povo algo palpável contra a bandidagem organizada, incluindo os detentores de mandatos, fica a pergunta: Quem é mais bandido entre os bandidos?

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