Noturno
À procura
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À noite, vagando na cidade,
sem saber aonde ir,
entro em bares, cabarés,
sem ter hora de partir.
Então, numa boate,
eu me sento pra beber.
Há mulheres seminuas,
tão charmosas que não sei
quem vou escolher.
Uma delas perto me chega
e com um gesto me corteja:
— Tens um cigarro pra me dar?
Pediu com tanta meiguice
que no seu ouvido eu disse:
— Senta-te pra conversar!
Nossas mãos trocaram carinhos
e dançamos pelo salão.
A música soava como o burburinho
das batidas roucas de um coração.
Um programa foi sugerido
e o preço combinado.
Saímos em busca de um lugar
onde pudéssemos amar e ser amados.
Um quarto eu paguei,
luzes frouxas, furta-cores,
lençóis acetinados,
clima de magia e de amores.
Logo nos entregamos
como se entregam dois amantes
que há muito estão distantes
e só querem se amar.
Com muito alinho
beijei seu corpo aveludado,
dediquei-me em carinhos
me perdendo em mil pecados.
Depois do preço pago
voltamos às nossas vidas,
cada um pro seu lugar.
Não houve beijos na despedida,
só a promessa de um dia,
quem sabe a gente
de novo se encontrar.