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A Poética

Aristóteles na boca do povo

Publicado

Autor/Imagem:
Edna Domenica - Texto e Foto

A Bela perguntou pra Tia:
– O que você acha que é poesia?
A tia respondeu da pia:
– Bela, não me apoquenta,
Estou fazendo polenta.

Bela contou pra Tata:
-Sonhei com Aristóteles e a Poética.
E a resposta veio pronta:
– Bela, não seja tonta!
Não entra nessa onda
de “ménage à trois”.

Tata, Tia, estou lendo um livro…
Um livro antigo sobre o elo mais belo
Entre palavras e aquilo
que vai além
de seu sentido literal…

– Cama Sutra?
– Não.
– Madame de Stael?
– Não.
– Pelo menos Primo Basílio?
– Não…
– Bela, você tá esquisita! Precisa arranjar um namorado.

Foi o gatilho pra Bela surtar

Sozinha se pôs a falar
Expressões soltas
figuras de linguagem,
metáforas, metonímias,
símiles e alegorias

Ingredientes calientes
para criar uma linguagem
evocativa
e expressiva.

E quase uivava:
Função poética! Função poética!

Tata e a Tia nunca leram Freud, mas intuiam que a palavra uterina, cedo ou tarde, escapa pela boca.

E a Esfinge maliciosa e sorridente
Repetia entre dentes:
– Sublima- me ou te devoro!
Enquanto Bela, em seu quarto…
Calmamente…
Escrevia.

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