A velha política de sempre
Aécio, quem não te conhece que te compre
Publicado
em
Nesta semana que passou, Aécio Neves ressurgiu das cinzas e assumiu a presidência do PSDB. Teve gente dizendo por aí que ele saiu “vencedor”. Eu penso diferente. Não consigo enxergar vitória alguma em herdar um partido falido política e moralmente. Parece mais um prêmio de consolação numa disputa em que ninguém realmente quer o troféu.
Desde 2014, quando Aécio perde nas urnas, mas decide agir como se tivesse ganho, quem realmente passa a perder é o Brasil. Ali começou uma sequência de irresponsabilidades políticas, narrativas golpistas e radicalização que nos arrastaram para a crise institucional mais profunda desde a redemocratização. E agora, mais de uma década depois, ele volta ao palco como se nada tivesse acontecido, como se sua trajetória fosse limpa, como se fosse apenas um quadro histórico do partido.
Mas Aécio é um velho conhecido da política brasileira e não exatamente pelos melhores motivos. Há gravações, há provas, há escândalos. Só não há justiça. O tempo passou, os acordos se ajeitaram, e o Brasil mais uma vez assiste à velha elite política circular entre cargos como quem apenas troca de cadeira numa dança marcada.
Não vejo ressurreição aí. Vejo apenas o velho país de sempre: o país que ainda não conseguiu se livrar de certos fantasmas.
Enquanto isso, o PSDB vira palco de uma volta melancólica que diz muito mais sobre a crise do próprio partido do que sobre qualquer suposta vitória de Aécio.