Pancadaria das boas
Num balé caótico, a extrema direita briga pelo espólio do presidiário Bolsonaro
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Eu tenho dito, e repito: quem vai ocupar o lugar do presidiário Bolsonaro no cenário político não é uma pessoa. Não é uma liderança carismática. Não é nenhum salvador da pátria de extrema direita. É a briga. Sim, a briga. A disputa, o furdunço, a confusão instalada entre eles mesmos. Esse é o verdadeiro herdeiro do bolsonarismo. E está sendo divertido acompanhar.
Ontem tivemos uma pequena amostra da nova “liderança”: Michelle Bolsonaro criticou publicamente a aliança do PL no Ceará com Ciro Gomes. Bastou isso para André Fernandes espernear dizendo que a aliança foi aprovada por Bolsonaro. A velha tentativa de usar o nome do chefe como salvo-conduto.
Mas aí existe um detalhe incômodo, que ninguém da extrema direita está sabendo muito bem como administrar: Bolsonaro está preso. E não é possível governar, dar ordens ou “aprovar alianças” de dentro da carceragem da Polícia Federal, por mais que tentem fingir normalidade. Então eu pergunto: quem vai ser o interlocutor oficial agora? Michelle? O PL? Os filhos? Os deputados mais exaltados? Todos ao mesmo tempo? Ou ninguém?
O resultado, até aqui, tem sido interessante: cada um tentando puxar o espólio político pra si, criando ruído, disputando espaços, avançando e recuando conforme a conveniência. É um balé caótico, e eu estou me divertindo. Simplesmente deixem que eu observe. A extrema direita se digladiando, sem um eixo, sem comando, sem bússola, é quase um estudo de caso em desespero político.
E esse, meus amigos, é o verdadeiro sucessor de Bolsonaro: a guerra interna. E que espetáculo. Me deixem aqui assistindo.