Caminhada
Nós e a Coragem de Continuar
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Há momentos na vida em que a gente percebe, com uma clareza quase cruel, que não dá mais para se esconder de si mesmo. Atravessamos dores, despedidas, rupturas, desencontros… e, por muito tempo, acreditamos que tudo aquilo era um castigo, quando na verdade era um chamado. Um convite para reconhecer quem nós somos quando ninguém está olhando.
Algumas pessoas foram essenciais em capítulos antigos não porque permaneceriam, mas porque nos empurraram para a versão que existe agora. Elas ensinaram, machucaram, iluminaram, confundiram… e mesmo assim nós seguimos.
A verdade é que nem todo mundo merece caminhar com a gente até o fim; alguns só tinham fôlego para alguns metros. E, mesmo assim, quantas vezes nós silenciosamente diminuímos os próprios passos para caber no ritmo dos outros? Quantas vezes aceitamos direções de pessoas que nunca trilharam o caminho que lutamos tanto para construir?
É quase cômico e trágico como buscamos aprovação nos olhos errados. Nós mudamos. Nós deixamos de fingir luz para agradar quem vive orgulhoso da própria escuridão. Nós paramos de pedir permissão para existir. Nós entendemos que reciprocidade não se implora: ou acontece, ou revela.
E, talvez o mais bonito, é que finalmente compreendemos que não queremos estar perto de quem nos tolera queremos estar perto de quem sente a nossa ausência, de quem nos reconhece sem tentar simplificar quem somos, de quem entende que a nossa complexidade não é um defeito, é a nossa assinatura. Deus não foi indiferente à nossa dor.
Ele viu cada noite que atravessamos sem dizer nada, cada lágrima escondida, cada recomeço tremendo. E foi nesse silêncio que aprendemos o modo mais estoico de sobreviver: aceitar, afastar, silenciar, ignorar, enfrentar, seguir, contornar.
Nós não queremos uma vida fácil. Queremos uma vida verdadeira. E isso exige coragem a coragem de assumir o próprio inferno interno enquanto tantos preferem representar um paraíso falso.
Que os próximos passos sejam feitos com disposição. Porque, quando nós aceitamos correr o risco, a vista do outro lado costuma ser espetacular.