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Saudade

Novembro em Silêncio

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

Novembro veste-se de névoa
e me envolve num véu de saudade
bordado com fios de ausência.
O tempo, antes cúmplice,
agora sussurra ventos frios
que dançam entre as árvores
como se buscassem teu nome
nas folhas que se despedem do céu.

As lembranças
ah, essas esculturas do passado
ainda repousam sob a árvore
que um dia foi testemunha
dos nossos sorrisos entrelaçados.
Hoje, ela também se curva ao vento,
como se sentisse tua falta
em cada galho que se despede da luz.

Outubro partiu sem cor,
como um quadro sem pinceladas,
e os pássaros, cúmplices do silêncio,
recusam-se a cantar.
Até os grilos, poetas da noite,
guardaram suas canções
em respeito ao vazio
que tua ausência deixou.

Sinto falta do calor
que teus gestos desenhavam em mim,
dos versos que teus olhos recitavam
sem precisar de palavras.
Agora, cada minuto
é um relógio sem ponteiros,
um eco que se repete
nas paredes do meu peito.

Novembro, sem tua presença,
é uma tela desbotada,
um jardim sem perfume,
um céu que esqueceu as estrelas.
Mas há algo que o vento não levou:
os instantes que moldaram
o relicário do meu coração —
onde tua memória floresce
mesmo em pleno outono.

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