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Caia na real

Heróis só existem em Hollywood

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@donairene13 - Foto de Arquivo

Depois do fim das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, por meio da chamada Lei Magnitsky, muitos brasileiros correram para os perfis oficiais da Casa Branca e do presidente dos EUA, Donald Trump, para manifestar indignação, frustração e um descontentamento quase teatral com a decisão.

Há de tudo nessas manifestações. Alguns dizem estar profundamente decepcionados, outros lamentam que o Brasil tenha sido “abandonado à própria sorte”, como se fôssemos um país tutelado, incapaz de conduzir seu próprio destino. Há também uma coleção de delírios variados, que misturam ressentimento, teorias conspiratórias e uma expectativa infantil de intervenção externa.

Antes de qualquer coisa, penso que algumas pessoas precisariam se dar a devida desimportância (risos). É no mínimo ingênuo, para não dizer patético, imaginar que uma mensagem agressiva, escrita em português ou em um inglês capenga, postada nas redes sociais contra o presidente dos Estados Unidos, vá soar como algo além do desabafo de alguém com problemas cognitivos ou, no mínimo, sérias dificuldades de compreensão da realidade política internacional.

Mas não é exatamente essa a mensagem que eu quero deixar aqui. O ponto central é outro, e ele é bem mais sério. O que realmente me preocupa é essa crença quase messiânica de que algum país estrangeiro ou algum líder de outra nação virá nos salvar do que quer que seja. Não vai. Nunca veio e nunca virá. Os nossos problemas são internos, dizem respeito à nossa história, às nossas escolhas e às nossas instituições. E, gostemos ou não, só nós podemos resolvê-los.

Se você acha que o Congresso Nacional não te representa, a resposta não está em Washington, está nas próximas eleições. Se acha que um voto individual não tem valor, então vá além dele: seja militante de uma causa, convença pessoas, dialogue, se organize, filie-se a um partido político que represente minimamente a ideologia em que você acredita. E se não acredita em política partidária, tudo bem: organize-se enquanto comunidade, atue em movimentos sociais, lute pelos valores que você considera inegociáveis.

O que não dá é terceirizar a responsabilidade histórica e política para potências estrangeiras, esperando um salvador da pátria de fora. Isso nunca funcionou e nunca funcionará. A democracia é um processo coletivo, imperfeito, cansativo e, muitas vezes, frustrante. Mas é nosso.

Heróis só existem nos filmes. Na vida real, as mudanças são feitas por pessoas comuns, organizadas, persistentes e conscientes de que a realidade é sempre muito mais complexa do que qualquer fantasia de redenção externa.

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