Curta nossa página


Dezembro

ÊH, LASQUEIRA!

Publicado

Autor/Imagem:
Gilberto Motta - Texto e Foto

Nestas trovas com a certeza
como quem “clama no deserto”
para falar de Dezembro
a saudade eu desperto

A saudade é eterna amiga
que embala e vela o sono
a cantar linda cantiga
livra a gente do abandono

Que cara mais deslavada
dessa gente quando diz
que acreditou na mentira
de quem nunca foi feliz

Do mal não tema o perigo
de quem os teus sonhos abate
e busque ver se o inimigo
vale as honras do combate

Reguardai todo o veneno
do desgoverno matreiro
seu espaço é tão pequeno
“vade retro” zombeteiro

Velhaca podre e maldosa
gente ingrata em teu caminho
lembre da altivez da rosa
que perfuma o próprio espinho

Aprendi com o semeador
dadivoso e sem queixume
quem passa e semeia a flor
ao voltar colhe o perfume

Não chore a morte dos sonhos
que jamais se realizaram
lamente os dias tristonhos
daqueles que não sonharam

Falar da praga maior
a praga da ingratidão
de quem veio pra esfolar
esta vida sem grilhão

Lá vem um novo Dezembro
uma trova vai de troco
pra encerrar o ano velho
e espantar os gafanhotos

Logo chega o deus-Cristinho
que não vai abandonar
os caminhos de meu povo
sem cansaço no andar

Pelas veredas da vida
num eterno começar
como as fogueiras nas noites
para o dia esperançar

Minhas trovas sem beleza
enganam a realidade
são rabiscos “pés-quebrados”
com perfume de saudade

…………………………..

*ÊH, LASQUEIRA!:- é uma expressão caipira que pode indicar espanto, surpresa ou admiração, mas também situação difícil, complicada, desafiadora e intensa emoção.

Gilberto Motta é escritor, jornalista, professor/pesquisador que aprendeu desde criança que a vida é uma infinita LASQUEIRA! Vive na Guarda do Embaú no litoral de SC.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.