Manifestações pelo país
A voz do povo é a voz das ruas
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Todo mundo viu, pelos jornais e pelos sites de notícias, que, no último domingo, o povo ocupou as ruas. Apesar da música e da presença de vários artistas, não era festa, não era comemoração. Era protesto. A população foi clara ao dar o recado: não aceitamos a aprovação do projeto de lei que diminui as penas de criminosos condenados por tentativa de golpe de Estado. Quando se ataca a democracia, não pode haver condescendência, muito menos anistia disfarçada. Esse é um limite que precisa ser reafirmado sempre.
Essa é uma pauta justa. Assim como têm sido justas as demais pautas que, nos últimos meses, levaram tanta gente às ruas. Fomos às ruas para protestar contra o PL da blindagem, essa tentativa escancarada de proteger poderosos e institucionalizar a impunidade. Fomos às ruas também para exigir o fim da violência contra a mulher, porque já passou da hora de o país tratar esse tema com a seriedade e a urgência que ele exige. São mobilizações diferentes, mas unidas por um mesmo fio: a defesa da democracia, da vida e da dignidade.
Não faz muitos anos, porém, vimos o povo ir às ruas pelos motivos errados. Pautas difusas, palavras de ordem vazias, protestos contra “tudo isso que está aí”, sem clareza sobre o que se queria construir ou preservar. Aquela confusão acabou servindo de combustível para o enfraquecimento de governos eleitos de forma legítima e, pior, para o fortalecimento de grupos com interesses escusos, que souberam se aproveitar do descontentamento legítimo para impor projetos autoritários e antidemocráticos.
Talvez por isso seja tão importante destacar a diferença do momento atual. Hoje, as pautas são claras, concretas e necessárias. Não se trata de negar a política, mas de exigir que ela funcione dentro dos marcos democráticos, sem atalhos, sem golpes e sem acordos que afrontem a justiça e os direitos.
Por isso, espero que os setores progressistas da sociedade não abandonem as ruas. Elas são nossas. É nelas que a nossa voz ecoa, que a pressão se torna visível, que a democracia deixa de ser um conceito abstrato e ganha corpo. O povo não pode sair das ruas. A história recente já mostrou o preço do silêncio e da ausência.