Zica eterna
Sinônimo de maldição, para o clã Bolsonaro desgraça pouca é bobagem
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Sinônimo de praga, desgraça ou infortúnio, o termo maldição nem sempre é autoaplicável. Às vezes, quando um ser humano lança uma imprecação por meio de palavras ou gestos em alguém que não é merecedor, o esconjuro acaba se transformando em benção. Sem qualquer preocupação com revanchismos, mas quem não se lembra do período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro diariamente usava as redes sociais, as rádios e as TVs de sua confiança para amaldiçoar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Guardadas as devidas blasfêmias do antecessor, Lula agradeceu com rezas as maldades do adversário. No texto bíblico está escrito que maldição sem causa é uma praga que não pega. Aliás, somente o fato de um ser atual e o outro ex já comprova a tese de que tudo de ruim que é endereçado ao outro volta em dobro para o remetente. Dizem os sábios que não há no mundo poder capaz de mudar isso. Ou seja, a zica será eterna. Não há meio termo. Portanto, se queres adentrar o inferno pela porta da frente, se aproxime ou cole em um dos Bolsonaro.
Que me perdoem os que não sabem o que dizem e os que repetem o que ouvem apenas pelo prazer de ferir, mas maldição é a palavra que define Jair Bolsonaro e todos os que o seguem. Bola da vez, o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, talvez não emplaque um próximo mandato. Sem perfil para um cargo que já foi de Ulysses Guimarães, Luís Eduardo Magalhães, Nelson Marchezan e Flávio Marcílio, Motta terá de pagar pela bajulação a uma família que só fez (e faz) mal ao Brasil.
Embora o puxa-saquismo incomode até seus aliados políticos, sua maior dívida é o excesso de propostas escusas e de interesse personalista que tenta emplacar. Como os anjos e demônios que elegem, reelegem e defenestram deputados e senadores, o ocaso do parlamentar que tristemente representa o povo paraibano é uma questão de tempo. É dele toda responsabilidade pelos arranhões na imagem da Câmara, pela crise de desconfiança institucional que paira sobre a planície brasiliense e pelos absurdos da PEC da Blindagem e do PL da dosimetria. A lista dos que pereceram física e politicamente é bem maior do que o poder que o clã ainda supõe ter.
Desnecessário rememorar aqueles que hoje mais fedem do que cheiram. São dezenas. Serão milhares se incluirmos os negacionistas que preferiram a morte às vacinas contra a Covid. Pensando exclusivamente no ontem, no hoje e no amanhã, chegamos à crise existencial do ex-todo poderoso ministro Ciro Nogueira, na melancolia de Ronaldo Caiado, ao cerco a Arthur Lira, à tristeza dos parlamentares do PL e ao ostracismo de Valdemar Costa Neto, aquele que, se um dia foi alguma coisa, ninguém sabe, ninguém viu. Pior é a situação de Carla Zambelli que só pediu para sair depois que Xandão saísse com ela. Bobo da corte, Alexandre Ramagem dispensa comentários. A batata dele está assando.
Em breve, ele também alcança os quintos do inferno. E Eduardo Bolsonaro? Covarde, irresponsável e abobalhado, finalmente ele descobriu quem é que manda no Brasil e de quem Donald Trump é “amigo”. Perdeu e deve passar o Natal nos meios fios da Times Square comendo pizza requentada. E o que dizer do hipócrita e abestalhado Zezé Di Camargo? Nada de bom! Após cutucar o SBT por receber Lula e Alexandre de Moraes no lançamento do SBT News, descobriram que o “cantor” vai receber R$ 500 mil para se apresentar na cidade pernambucana de São José do Egito. O detalhe é que o cachê será pago com recursos do governo federal comandado pelo presidente que o apagado baixinho adora criticar. Mais um mané para a relação. Depois reclamam quando dizem que desgraça pouca é bobagem.
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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras