Curta nossa página


Enjoo

A beleza e a feiúra da palavra literária

Publicado

Autor/Imagem:
Edna Domenica - Francisco Filipino

A palavra literária pode ser aparentemente feia. Naturalista. Existencialista. Gosto estético me interessa. Discussões repetitivas me causam enjoo.

No ar: o ato de enjoar… Nem enjoar eu enjoo sem pesquisar… A náusea é uma defesa do organismo. Enjoo é uma moléstia das salinas… O que me leva a crer que nasceu à beira-mar. É um movimento convulsivo do epigástrico que constitui o primeiro grau do engulho.

Dentre as dez maneiras de evitar o enjoo opto por não cozinhar de dia e dormir a noite toda. No intervalo entre os dois, tomo muita água e limonada, como batata, arroz e macarrão.

Não há leis contra o enjoo… Você pode enjoar frente a qualquer pessoa mal intencionada… Até frente àquelas que dão entrevistas com baixaria para você que é uma entrevistadora politicamente correta. Chato, não é? Enjoativo, não é? Repetitivo, não é? Recorrente: algo que amarra você novamente. Daí vem o enjoo que você usa para lançar, regurgitar, por tudo para fora. Quem vomita abre espaço interno, mas incomoda o externo, causando-lhe aversão, repugnância.

O avesso de enjoo (se estiver limpo) é oojne.

La Nauseé (Sartre) é o mesmo que A Náusea, mas me lembra da charmosa estética existencialista e feminista de Simone de Bouvoir: um turbante, uma militância, um amor, uma liberdade de situação porque a supostamente liberdade total é dos loucos, dos fanáticos, dos criminosos com As Mãos Sujas (Les Mains Salles).

Tive enjoo de discussões repetitivas com falsos Camões. Libertei-me, entendendo o que vem a ser liberdade de situação.

……………………..

MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as histórias. Postmix, 2014. PP 38.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.