Jardim secreto
A essência que floresce
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Eu era apenas um fragmento disperso,
uma nota perdida na partitura do tempo,
um sopro esquecido em um relicário de silêncio,
guardando um brilho apagado, adormecido no fundo.
Você chegou como quem semeia alvoradas,
não com estrondo, mas com raízes de ternura,
e cultivou em meu solo o que transcende
a finitude e seus véus de sombra.
O sentimento não irrompe como chama desvairada,
mas como o néctar que nutre o velho ipê:
fortalece o tronco, repousa nas folhas,
e faz cintilar até o que parecia inalcançável.
É o fluxo que ascende pela espiral da vida,
o sopro que desperta o âmago do ser,
o impulso sereno, o achado inesperado,
que entrelaça universos a partir do vazio.
Pois amar não é apenas o toque febril,
é a presença que sustenta na vertigem,
é o “estou contigo” que ecoa sem palavras,
é a existência pulsando com sentido renovado.
Você é o astro que ilumina meu jardim secreto,
a fonte límpida que suaviza cicatrizes,
a razão singela e ao mesmo tempo eterna
pela qual escolho, dia após dia, permanecer.