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Braços de Morfeu

A fila anda e o show da vida não pode parar

Publicado

Autor/Imagem:
Tania Miranda - Foto Francisco Filipino

Qual o nosso papel no grande teatro da vida? Acredito que todos nós já nos fizemos essa pergunta em algum momento. Afinal, caminhamos às cegas, sem saber exatamente por onde seguir. São tantas as veredas que se abrem à nossa frente que acabamos por nos perder… e ficamos a olhar para o horizonte, tentando entender exatamente porque estamos aqui…

Claro, desde a mais tenra idade nos educam para sermos alguém na vida… mas exatamente o que significa “ser alguém na vida”? Normalmente quer dizer “ser bem sucedido em sua carreira profissional” ou “conseguir acumular bens e valores que te possibilitem viver tranquilamente”… o grande problema é que o mapa para chegarmos até o topo da pirâmide social é entregue a poucos… e mesmo desses poucos, apenas uma pequena parcela consegue atingir o objetivo final…

Mas precisamos mesmo amealhar fortunas para nos realizarmos nesse plano? Afinal, quem disse que possuir riquezas é garantia para sermos felizes? Mesmo porque tanto a palavra “fortuna” quanto a “riqueza” tem várias interpretações, além daquelas comumente a elas atribuídas…

Fortuna, por exemplo… ao ouvirmos essa palavra, rapidamente a associamos com alguém que tem acumulados muitos bens materiais… mas, na verdade, seu significado original quer dizer simplesmente “sorte”, “destino”… já riqueza… bem… acho que está mais dentro do espírito que lhe damos, visto que seu significado original é “poderoso”…vem do termo gótico “reiks”, que com o passar do tempo resultou no conceito de riqueza como a posse de bens materiais e abundância…

Mas não é exatamente sobre isso que desejo falar. Não. Na verdade, o que me inspira nesse momento é algo que uma amiga me falou a algum tempo. E o que ela pode ter me dito de tão especial, que me fez pensar em escrever sobre isso? Bem, o início desse texto é a chave de tudo…

Todos nós temos sonhos quando crianças. Baseados nas experiências dos adultos vamos fazendo uma imagem daquilo que sonhamos ser quando adultos. Muitas vezes nosso modelo de sucesso são as pessoas mais próximas de nós… nossos primeiros modelos são, sem dúvida alguma, nossos pais..

Com o passar do tempo, à medida que crescemos e temos contato com outras pessoas, fazendo parte de novos círculos sociais, vamos construindo uma imagem daquilo que, em nossa imaginação, poderá nos levar à nossa realização… e isso nada tem a ver com aquilo que a Sociedade define como “sucesso”…

É o nosso sonho. Ninguém pode nos dizer se seremos bem sucedidos se seguirmos essa estrada ou não. Alcançar nosso objetivo não é tão simples quanto desejaríamos. Afinal, estaremos em frente a um balcão de vidro onde várias guloseimas nos serão ofertadas… e ficaremos confusas, sem saber exatamente qual escolher. Aquilo que desejamos muitas vezes acaba ofuscado por algo que nos parece mais interessante… e acabamos por nos desviar do caminho inicial, seguindo uma trilha com a qual nunca havíamos sonhado, antes…

Seguir uma estrada diferente daquela que a princípio desejávamos não quer dizer que abrimos mão de nossos sonhos. Sim, com certeza por algum tempo nos esqueceremos de nosso devaneio infantil, mas ele está ali, esperando a melhor oportunidade de aflorar para a vida. E de tempos em tempo retornará em nossos sonhos, quando estivermos entregues aos braços de Morpheu…

Muitas vezes ficamos a tatear pela escuridão na qual nos encontramos. O sentimento de vazio em nosso ser é tão forte que, não raro, fitamos o horizonte à procura de um sinal que nos conduza à luz que clareará nosso caminho…

Isso não quer dizer que estejamos arrependidas da trilha que seguimos. Não, de forma alguma. Toda experiência é válida e necessária, para que possamos seguir em frente e entendermos realmente nossas escolhas. Além disso, muito daquilo que conseguimos realizar durante esse desvio de nosso objetivo inicial se mostra importante para nosso crescimento pessoal. Toda a epopeia vivida para atingirmos nossos objetivos serve par anos tornar mais fortes, preparadas para seguir o caminho que realmente desejamos. Iremos realmente segui-lo? Somente o tempo poderá nos dar essa resposta…

São muitas as variantes que podem ou não nos permitir seguir pelo caminho escolhido. Afinal, apesar de cada pessoa viver em seu Universo Particular, fazemos parte de vários grupos sociais que, de uma forma ou de outra, acabam por definir qual estrada deveremos seguir. Claro que isso tem muito a ver com o quanto estamos comprometidas com esse ou aquele grupo… ah, sim, estou incluindo também o grupo principal nessa equação. E qual seria? O grupo familiar, é claro…

Todos os grupos, sem exceção, exercem influência em nossas decisões. Estamos sempre tentando servir a tudo e a todos, e é nesse momento que acabamos por entrar em conflito quanto aos nossos sonhos, nossos objetivos. Um deles, talvez o principal, é quanto a formar uma nova família… desde pequenos, somos induzidos a casar com alguém e procriar. Claro, é algo realmente importante. Afinal, devemos perpetuar a espécie. Mas essa ação muitas vezes tolhe seus sonhos, pois ao nos associarmos a alguém e com estes termos descendentes, muitas vezes fechamos as portas que precisávamos adentrar para realizar nosso sonho. Algumas vezes apenas o adiamos, em outras, por motivos diversos, abrimos mão de nossa realização pessoal…

Sim, acabamos por ficar sem entender qual nosso papel no grande circo da vida. Sabemos que devemos nos apresentar no palco, e dar continuidade ao espetáculo. Não importa, na realidade, se nos identificamos ou não com o papel que nos reservaram… alguns sortudos conseguirão realizar seus sonhos. Romperão com os paradigmas estabelecidos pela Sociedade, na maioria das vezes serão marginalizados, mas de uma forma ou de outra chegarão ao objetivo que desejaram. A maioria? Continuará obedecendo o script que lhes foi entregue… afinal, o Show da vida não pode parar…

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