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Oásis

A horse with no name

Publicado

Autor/Imagem:
Cris Guedes - Foto Francisco Filipino

Hoje não é domingo, mas sinto uma necessidade de descanso como se um parto me tivesse tomado seis dias inteiros. É estranho aqui, parece-me um deserto cheio de gritos. E vejo, ao longe, um cavalo bebendo água numa poça perdida entre as dunas. Um oásis, a fuga do deserto.

Somente no deserto, pude finalmente ser-sem-nome, mas temo tanto a crua existência que logo me deparo com a necessidade de encontrar-me nalgum lugar antigo e conhecido. Mas, se só ser-sem-nome é o que me salva, por que me é também aquilo que mais temo? Terei a sacra coragem de resistir à grande tentação de beijar o espelho d’águas em que mato minha sede? Serei o maior segredo que guardarei de mim até o dia em que morrer.

Estou cansada demais para continuar; e talvez seja por isso mesmo que Deus tenha deixado o mundo como está. Eu e minha timidez camuflada deixaremos o inferno sobre a Terra, e a isso chamaremos paraíso, por pura preguiça de reparar. Repare bem.

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