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Má companhia

A insônia de todo dia e seus efeitos colaterais

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Autor/Imagem:
Rafaela Fernanda Lopes - Foto Francisco Filipino

A insônia, para mim, é sempre efeito colateral. Ela nunca vem sozinha, nunca aparece como causa primária. Surge depois, como resposta inevitável a tudo aquilo que se acumula antes: a dor que não cessa, o nervosismo que corrói, a ansiedade que se infiltra em cada pensamento e as preocupações que não encontram repouso. Meu corpo pode estar exausto, implorando por descanso, mas minha mente insiste em permanecer desperta, em estado de vigília, como se não soubesse mais desligar.

Percebo que a insônia denuncia a ligação íntima entre o físico e o emocional. A dor aumenta o nervosismo, o nervosismo alimenta a ansiedade e, quando vejo, estou presa em um ciclo que me mantém acordada contra a minha própria vontade. Não é falta de sono, é excesso de ruídos internos.

Cada noite em claro me lembra que existe um desajuste dentro de mim. O que durante o dia eu disfarço ou ignoro, à noite vem cobrar seu preço. O travesseiro deixa de ser um refúgio e se transforma em testemunha silenciosa das batalhas que eu não consigo vencer.

Por isso, entendo que a insônia não é apenas ausência de dormir. Ela é reflexo, tradução e sinal. Um efeito colateral de dores e inquietações que me habitam. E, no fundo, cada madrugada sem descanso é o corpo e a mente me dizendo que algo precisa ser olhado com mais atenção, porque o silêncio da noite sempre escancara aquilo que tento esconder de mim mesma.

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