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Wicca

A Magia do Olhar no Sagrado Feminino

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Autor/Imagem:
Bahirah Abdalla - Foto Editoria de Artes/IA

Desde as civilizações antigas, o olhar é reconhecido como uma das mais poderosas formas de comunicação humana. Antes da palavra, o olhar transmite intenção, domínio, acolhimento ou ameaça. No Egito, na Grécia e em culturas xamânicas, acreditava-se que os olhos eram portais da alma e instrumentos diretos da vontade espiritual.

A chamada força do olhar está ligada à capacidade de concentração, presença e intenção. Olhar fixamente é um ato de poder: quem sustenta o olhar impõe ritmo, estabelece hierarquia simbólica e cria um campo de influência. Não por acaso, o “olho que tudo vê”, o Olho de Hórus do Antigo Egito, tornou-se arquétipo universal de vigilância, consciência e autoridade espiritual.

O poder da sedução no olhar feminino ultrapassa a noção superficial de atração e se inscreve no campo da comunicação simbólica e do domínio energético. Ao longo da história, o olhar da mulher é associado à capacidade de encantar, conduzir e transformar, não como instrumento de submissão, mas de soberania sutil, todavia poderosa. Na perspectiva mágica, a sedução pelo olhar é o alinhamento entre intenção, presença e magnetismo interior. Trata-se de um gesto consciente que desperta atenção, rompe defesas psíquicas e cria um campo de ressonância emocional e espiritual. Nas tradições do Sagrado Feminino e da Wicca, esse olhar sedutor é compreendido como expressão da Deusa — criador, receptivo e transformador — capaz de gerar vínculos, inspirar mudanças e afirmar o poder da mulher como guardiã do mistério, da vida e do desejo sagrado.

Na dimensão simbólica e antropológica, o olhar feminino sempre foi compreendido como um potente instrumento de sedução sagrada, capaz de mobilizar emoções, criar vínculos e instaurar campos de influência. Diferente de uma sedução superficial, trata-se de um magnetismo psíquico que emerge da presença, da intenção e da autoconsciência. Estudos em psicologia analítica desenvolvidos por Carl Jung indicam que o contato visual sustentado ativa arquétipos ligados à anima e ao desejo, funcionando como um canal direto de comunicação inconsciente. Na Wicca e nas práticas do Sagrado Feminino, esse olhar sedutor é ressignificado como expressão de poder envolvente. Um gesto consciente que afirma autonomia, desperta a sensibilidade do outro e consagra o desejo como dimensão espiritual, onde eros, magia e identidade se entrelaçam de forma harmoniosa.

No campo do hipnotismo, o olhar é um dos principais veículos de indução e controle psíquico. Técnicas clássicas utilizam a fixação ocular para reduzir a atividade racional e conduzir o sujeito a estados alterados de consciência. Estudos em psicologia confirmam que o contato visual prolongado pode alterar percepções, emoções e respostas neurológicas, reforçando a ideia de que o olhar atua como um gatilho psíquico profundo.

Historicamente, o poder de dominação pelo olhar era atribuído tanto a líderes quanto a figuras consideradas “perigosas”, como feiticeiras e sacerdotisas. O medo do “mau-olhado” reflete o reconhecimento coletivo de que o olhar carrega intenção energética.

Nos rituais da Wicca e nas práticas do Sagrado Feminino, a sacerdotisa não baixa os olhos. Ela encara, afirmando a sua presença e poder. O olhar ritualístico é utilizado para consagrar círculos, invocar divindades, abençoar e também proteger. O olhar torna-se um ato mágico de afirmação do corpo, da intuição e da soberania espiritual. Muitas tradições wiccanianas ensinam exercícios de ativação do “olho interno”, conectando visão física e visão psíquica.

Na Magia, o olhar é ponte entre o mundo visível e o invisível. Ele direciona energia, sustenta encantamentos e ancora símbolos. Como afirmam textos herméticos, “a vontade guiada pela visão cria realidades”. Assim, a Magia do Olhar não é metáfora, mas prática viva — um gesto silencioso capaz de transformar quem olha e quem é olhado.

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Bahirah Abdalla
Mestre Conselheira do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
@colegiodosmagosesacerdotisas

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