Xô, PEC
A praia é do povo, como o Céu é do avião, e ninguém tasca a mão
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Praia. Quem não gosta de uma, seja para se bronzear, para tomar aquela cerveja gelada ou, então, para paquerar protegido por providenciais óculos escuros? Para os mais dispostos, há sempre espaço para aquela cainhada, seja na areia fofa, seja na areia próxima à água, sem contar, é claro, os mais variados esportes aquáticos. Tudo lindo e maravilhoso, mas o que curto mesmo é ficar quietinha na minha cadeira e tomando o meu refrigerante diet, enquanto leio um livro.
Entre uma página e outra, aquele monte de pessoas tão díspares empurram meu pensamento para a famigerada PEC das Praias. Você já imaginou o absurdo da situação? Para usufruir aquela praia, você vai ter que pagar, passar por uma portaria e, não duvido, por uma roleta.
“Ah, Amália, mas vai ser bom porque vai selecionar os frequentadores. Ou você quer se misturar com aquela gente?”
O que seria “aquela gente”? Povo? Pois quero mesmo me misturar aos meus! O povo, o povão. Quem não gosta de gente, que não saia de casa, pois as ruas estão lotadas de gente, as praias, graças a Deus, estão repletas de gente, pois a gente é assim mesmo, com jeito de gente, com cheiro de gente, com voz de gente.
E que os brasileiros continuem com trânsito livre às nossas praias. Sim, a praia da gente, do povo, do povão. E que aquele povinho, que teve aquele despautério de ideia de privatizar as praias de todos, não receba o voto da gente em 2026.
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Maria Amália Alcoforado é, antes de tudo, carioca e torcedora do Vasco da Gama. Nos tempos livres, trabalha como jornalista free, além de ser colecionadora de fotografias antigas e apreciar sorvete de ameixa.