Efemeridade
A vida atravessa como um sopro breve
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A vida atravessa como um sopro breve, quase imperceptível. É um instante que se repete até não se repetir mais. Tudo o que hoje parece sólido, amanhã se torna pó, e essa consciência pesa como um fardo invisível.
O tempo rouba sem piedade: leva a juventude, apaga os rostos e transforma lembranças em fantasmas. E seguimos, sabendo que cada passo é também uma despedida silenciosa. Há uma crueldade nisso, viver é perder, e o que se conquista se dissolve no mesmo ritmo em que se respira.
A efemeridade me assusta porque não permite raízes. Tudo o que construímos, tudo o que sentimos, tudo o que amamos, se desmancha em uma pressa que não podemos controlar. E, ainda assim, continuamos correndo atrás do que sabemos que vai desaparecer.
Talvez a vida seja apenas isso: um intervalo breve entre o tudo e o nada. E nesse intervalo, o que resta é apenas o peso de sentir demais, sabendo que nada permanecerá eterno.