Alma amorfa
Abutre no concreto é como o voo áspero da vida
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Onírica perseguição oscila
transpira ofegar
trôpega atropela a razão
nas tuas escadas caracóis
anzóis do coração tardio
Em isca arde o peito diáfano
um pulmonar aquarela
austero enquanto não desvenda
vivalma estarrecida em um estacionamento
esperando seis das manhãs
amorfas, afoitas
como gomos de laranja sujos.
As miragens são passeios de criança
oferecidas pelo concreto hirsuto
ofegante que cativa o belo e sujo
Intruso errante tal dissonante
que assola o interior de chuva
Esfola o querer no asfalto
até umedecer a pele em sangue
um gatilho dispara anedotas
por fotogramas de estanque
O osso falso idílico ímpio ínfimo
abutre basculante tramando em arma garra barbante
o soco carma darma morto
urro em volume torto
por um alfabeto de areia e pedregulho
que alimenta os pés
Já não me tens o corpo dos prédios a me seguir
por entre as sombras
deste viver agreste.
……………………………….
Fabio N. Biazetti é um escritor pedreiro e trapezista. Colaborou com sites e revistas culturais como Nego Dito, Altnewspaper, Mallarmargens, Literária Br., Inutensílio, Fazia Poesia, Quincas e Subversa. Poeta no projeto Reversos, onde seus poemas foram musicados por Estrela Leminski, Téo Ruiz e Pedro Pracchia. Publicou na Revista CTRL+Verso da Cooperativa da Invenção, na Casa das Rosas. Estuda linguagem e poesia tecnológica, onde suas obras exploram as relações entre palavras, tecnologia, sons e cores. Participou nas duas Jornadas Internacionais de Poesia Visual, realizada pela Casa das Rosas. Em 2023 seus poemas estiveram em dois pavilhões da The Wrong Biennalle (Verbivocovirtual e Kamîm Tuhut). Atualmente cursa Letras e Escrita Criativa.