Fingimos a maior parte do tempo
ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA
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A vida, às vezes, parece sem sentido, não é mesmo? Tudo porque fazemos parte de um Sistema que não nos permite ser quem somos, de fato. Vivemos sempre protegidas por máscaras, com medo de que a Sociedade descubra quem de fato somos. Fingimos a maior parte do tempo, tentando nos enquadrar naquilo que o Grupo do qual fazemos parte espera de nós. Nos sentimos tolhidas em nossos sentimentos e não conseguimos visualizar nenhum meio de escapar dessa prisão na qual nos sentimos encerradas desde nossa mais tenra infância…
O que não percebemos, na maioria das vezes, é que este sentimento não é apenas nosso. Há outras pessoas ao nosso redor enfrentando o mesmo tipo de problema. Afinal, a aceitação tão desejada por nós começa em nosso íntimo. Enquanto não nos atentarmos a esse detalhe, permaneceremos isoladas, com medo do mundo que gravita ao nosso redor…
Verdade que muitas vezes o medo atávico que nos domina nasce no seio do grupo onde mais proteção deveríamos receber… mas nos esquecemos que os preconceitos que fazem parte desse núcleo vem de muitas gerações e não é fácil romper os grilhões com o passado. Normas de conduta foram impostas aos nossos antepassados e estas são o Norte daqueles que as receberam. Sem estes, ficam perdidos, não conseguem ver nenhum sentido na vida…
Mesmo cada pessoa sendo um Universo à parte, à medida em que esta vai se desenvolvendo agrega os conhecimentos, vive as experiências de seus antepassados. Logicamente que a sua formação intelectual não se restringe apenas àquilo que sua família lhe proporciona… conforme vai crescendo começa a agregar conhecimentos de outros grupos que circulam por esse plano…
Talvez a fase mais feliz de todo ser humano seja a infância. Porque é um período voltado à aprendizagem e não há nenhuma cobrança explícita quanto à sua conduta. Sim, somos guiadas para determinados nichos, mas não há nenhuma ação inflexível por parte daqueles que estão a orientar nossa caminhada…
Sei que provavelmente alguém poderá dizer “mas eu sempre fui tolhida em meu direito de escolha, desde pequena sempre fui controlada”… outros dirão que seus genitores não respeitam quem eles são, de fato. Bem, como eu disse, vivemos em Sociedade e esta tem seus paradigmas… e ela exige que sejam respeitados…
Se queremos respeito daqueles que convivem em nosso Universo temos que ter em nossa mente que esse respeito é uma via de mão dupla…respeitar para ser respeitada. Jamais devemos tentar nos impor pela força, pois tal atitude acaba gerando antipatia dos outros por nós… claro, tudo tem um limite aceitável, mas devemos sempre respeitar o espaço alheio para que respeitem o nosso…
O nosso maior problema é que levamos a vida muito a sério. Nos esquecemos de que nossa estadia nesse plano é curta e, mais dia, menos dia, teremos que partir. E assim, por esse motivo, acabamos por não aproveitar as belezas que o Mundo nos oferece, sempre preocupadas em “viver intensamente”… e acabamos por simplesmente passar por essa existência sem nos apercebermos do que significa realmente “sentir-se viva”…
“Sentir-se viva” não é, de forma alguma, estar em todas as festas, embebedar-se, testar seus limites ou coisas do gênero. “Estar feliz” não é desejar que todos rezem por nossa cartilha, tendo a mesma visão que acreditamos ser o caminho certo. Porque a vida tem inúmeros caminhos, que conduzem a destinos diversos. E nenhum deles é certo ou errado. É simplesmente a verdade de cada um…
Um fato que demoramos a entender é que na vida não existe, de fato, o certo e o errado. Porque esses conceitos são definidos de acordo com a visão do grupo onde estamos inseridas. Aquilo que para nós é líquido e certo, para pessoas que seguem outra linha de raciocínio nada significam. Nossas verdades não tocam as outras agremiações espalhadas por esse Universo imenso que é o Mundo onde vivemos…
Então, para que possamos viver a nossa verdade, qual o caminho a seguir? Como eu disse no início, jamais obrigar as outras pessoas a verem o mundo através de nossos olhos. Pois não é assim que a vida segue. O primeiro passo que devemos dar é respeitarmos a visão alheia, mesmo que não concordemos com ela. Pois só assim podemos esperar ser respeitadas. Claro, não é uma maneira fácil de viver. É que nos esquecemos de um ditado antigo que ilustra muito bem o que acabo de dizer… “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”…