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Bunker do contra-ataque

Aliados de Bolsonaro são mais fortes do que parecem

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

Uma situação estranha. Entramos em um bunker onde estão informações da inteligência do governo federal. O convite foi feito em função do perfil de Notibras, segundo os responsáveis, que afirmaram que o portal é isento ao analisar o cenário em que vivemos. Nu e cru. Não estávamos sozinhos. Para chegar a esse ambiente, o caminho não pode ser revelado. Tudo bem. Chegamos sem saber onde fica, além de deduzir que é em Brasília, claro. O percurso não durou mais de 30 minutos.

Ao observar a sala de comando, nada é cibernético, sofisticado. Ao contrário, são dezenas de adesivos colados em todas as paredes, em forma de organograma, ou fluxograma, com fotos e nomes. A impressão é de que ali está um DOI-CODI sofisticado, muito mais elaborado. Para quem não sabe, o DOI-CODI foi um instrumento da Escola Superior de Guerra, inspirada no modelo estadunidense, para destruir o comunismo. No Brasil, foi acusado de atrocidades e torturas. Então tá.

Diversos personagens preenchem as paredes. Desde Gleise Lula Maduro Hoffmann, ao maluco beleza Adélio que, segundo a análise dos especialistas, foi encarregado de assassinar Jair Bolsonaro, e não tem nada de doido. Para aqueles analistas a conta não fechou. Na análise organizada no painel, estão vários inimigos do Estado, segundo eles. Juízes do STF, do STJ, empresários, centenas de parlamentares, jornalistas, reitores, sindicalistas, a lista é enorme. Ao serem questionados sobre os alvos – linguagem técnica – e o que significavam aqueles nomes no organograma, a resposta foi seca: “são inimigos do Estado”.

Detalhes são muito atualizados. Em um painel, estão fotos de manchetes de vários veículos de imprensa com a manchete sobre o transporte de cocaína por um subalterno militar, preso na Espanha. O destaque é a foto do avião presidencial, publicado como sendo o veículo transportador do delito, quando o avião era outro. Embaixo, em grifo, lia-se: “fake”. A explicação é simples, claro, não foi no avião presidencial que encontraram as drogas supostamente transportadas desde de 2009, ainda no governo Lula. Foi em uma aeronave de apoio.

Mas toda a imprensa, que eles consideram criminosa, terrorista, e está lá anotada, publicou a foto do avião presidencial quando veicularam matéria. Hiper fake, segundo eles. Um crime, segundo eles. Aparecem no painel nomes em destaque, como o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) que afirmou: “O general Heleno falou besteira”. Alcolumbre encabeça o organograma “Senado”. Ao lado, uma observação: Prestação de contas de 2014. Do seu quadro saem setas de ligação com nomes que não podemos mencionar.

Outra “cabeça” de organograma é Rodrigo Maia (DEM-RJ). Seu painel é imenso, repleto de fotos e observações, asteriscos, grifos. Pela análise dos encarregados pelo diagnóstico do painel Brasil, o cenário é estarrecedor. No centro do painel, Bolsonaro está cercado de delinquentes nos poderes Judiciário e Legislativo. A anotação ao lado da foto de cada um é “IE”, ou seja, Inimigo do Estado. São dezenas de personalidades públicas que recebem o adesivo. Parece ficção.

Muitos jovens, aparentemente oficiais militares, andam de um lado pro outro, atualizando informações. Aguardamos para ver se algum deles pregava mais um adesivo aos painéis, mas isso não ocorreu. São discretos e seguros sobre o que fazem. Tentamos falar com eles, mas a hierarquia prevalece. Só fala quem manda. Perguntamos sobre as relações dos governos petistas com o crime organizado. Lá tem um painel repleto de informações. A orientação foi a de que aquele quadro não poderia ser reproduzido, que era uma questão de segurança nacional. Imaginamos que é mesmo séria a relação do PT com os grupos do narcotráfico, pelo quadro que eles imaginam, com detalhamento e nomes que são mantidos em sigilo absoluto.

Em um outro ambiente, ao lado, uma sala é dedicada às relações internacionais dos governos petistas com países totalitários. Ali encontramos o óbvio. São financiamentos do BNDES para os países parceiros de Lula delirante. Os valores, assimetricamente pregados nas fotos de obras realizadas no Exterior, não são novidade. Mas o detalhamento impressiona. Os valores são expressos em dólares. Outro quadro tem a foto de Sergio Moro. Nesse ambiente não foi possível permanecer, fomos convidados a sair imediatamente.

A primeira impressão é a de que o bunker é boquirroto. Depois, melhor analisando, a conclusão é a de que existe, sim, um sistema anticomunista muito bem aparelhado, consciente, que sabe muito bem o que está acontecendo e como vai combater o inimigo. Fica, entretanto, a sensação de que eles deveriam intimidar mais o inimigo, de que sabem como eliminá-lo, ou combatê-lo, que conhecem seus passos.

Quando vemos o nível de informação reunido naquele centro, perguntamos: “Não passou da hora de destruir o inimigo?” A resposta é vaga, cautelosa. Radicais de direita não vão entender essa atitude. A imprensa responsável não pode opinar, apenas registrar antecipadamente que a festa anunciada pelos inimigos do Brasil não vai acontecer. Os invisíveis de plantão são nacionalistas sérios e monitoram tudo. Ao contrário do que imagina a esquerda e sua trupe.

Entramos na van, de olhos fechados, e deixamos as instalações do cérebro do combate aos delinquentes vermelhos. Fomos deixados no Setor Comercial Sul, no centro nervoso de Brasília. Recebemos os celulares de volta ao descer da van. A conclusão é a de que os competentes comunistas não vão ter vida fácil.

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