Ensinando o bê-a-bá
Amanda ama nossos filhos, mesmo com sacrifício de sua própria prole
Publicado
em
Na última segunda feira, ao deixar minha filha na creche, vivi um daqueles momentos que a gente não espera, mas que ficam com a gente o dia inteiro — talvez pra sempre.
Reencontrei a Amanda, uma das professoras da minha pequena. Na semana passada, não a vi nenhum dia e senti sua ausência, mas só nesse dia entendi o porquê. Com os olhos cansados, mas ainda doces, ela me contou que seu filho esteve internado com bronquiolite. Benício é o nome dele. Amanda tem dois filhos — Maria Liz de seis anos e Benício, de três — e, nos últimos dias, esteve vivendo a angústia que é ver um filho doente, hospitalizado, vulnerável.
Na hora, confesso, não consegui dizer nada. Fiquei ali, meio sem reação, com um nó na garganta e o coração apertado. Aquela notícia me pegou desprevenida. Fiquei pensando nela o dia inteiro. Pensando na força que é preciso ter pra sair de casa, deixando seus próprios filhos, pra cuidar dos filhos de outras pessoas. É uma história que se repete em muitas creches, em muitas escolas. Mas ontem, com Amanda, ela ganhou nome, rosto, dor e beleza.
E isso me dói. Me dói porque é injusto, porque é bonito, porque é profundo demais pra passar batido. Amanda deixa Benício e Maria Liz em casa pra receber minha filha com carinho, paciência e cuidado. E ela faz isso com uma entrega que não dá pra mensurar.
Fico aqui com meu coração transbordando de gratidão. Não só por Amanda, mas por tantas mulheres como ela, que atravessam suas próprias dores, que enfrentam o medo, a doença, o cansaço… e ainda assim oferecem o melhor de si pros nossos filhos.
Obrigada, Amanda. Meu mais sincero e profundo agradecimento. Mas saiba que nenhuma palavra seria suficiente pra agradecer.