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Nem tu saberás

Amei em silêncio profundo; nem o tempo ousou calar

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

Sem tua presença, o céu em mim se encurva,
e meus olhos, dois espelhos d’água,
choram como fontes no entardecer das montanhas.

Minha alma sangra em silêncio
não por dor cortante,
mas por ausência que pulsa em ecos longos.

Quantas vezes deixamos o amor passar
entre os dedos como areia quente?
Quantas promessas o vento levou
antes que soubéssemos nomear o que sentimos?

Mesmo assim, escolhi amar-te.
Não temi o risco de me desfazer em sentimentos.
Segui a rota do coração
como quem navega sem bússola, mas com fé.

Te vi em cada gesto de luz,
te reconheci antes do nome,
como se tua alma fosse uma paisagem antiga
que eu soubesse de cor.

Hoje, mesmo sem que saibas,
amo-te na mesma frequência das estrelas
distante, constante, silenciosa.

O tempo tentou — mas não conseguiu
apagar tua marca em mim.
Não te busquei: o acaso te trouxe
como quem entrega destino num envelope azul.

Sigo com a nítida sensação
de que talvez eu não seja
aquilo que esperas agora…
mas ainda assim,
meu amor habita este tempo como chama quieta.

Nada levará esse afeto de mim
nem as distâncias,
nem os calendários.
Mesmo se for um amor sem abraço,
ele permanece: leal, eterno, invisível.

As canções me devolverão teu nome,
a saudade habitará meus dias
e tuas palavras  ah, essas sim
ficarão guardadas
como relíquias sagradas no relicário do meu peito.

Ainda que eu viva mil auroras,
nunca deixarei de te amar.

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