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DNA espanhol

Apareceu o pai do Bina. O resto, diz Catoira, é farsa

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Marta Nobre e Bartô Granja

O que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? E o DNA do Bina, é brasileiro ou tem o sotaque espanhol? Se é difícil desvendar o mistério do galináceo, o mesmo não pode se dizer do identificador de chamadas telefônicas. Porque o Bina é tão espanhol quanto Cristóvão Colombo. A única coisa que o Brasil tem em comum com o Bina é o ovo, que Colombo colocou em pé.

O certo é que demorou, mas a paternidade do Bina apareceu. Não que o inventor desejasse o anonimato, mas sim, o recolhimento, por ser avesso a polêmicas. “O Bina é uma invenção minha; e tudo o que se disser ao contrário é uma farsa”, afirma José Daniel Martin Catoira, ao pretender colocar um ponto final na versão de um seu ex-empregado, o brasileiro Nélio José Nicolai.

A história desse dispositivo que revolucionou o mundo das telecomunicações nos anos 80 do século passado, teve início em um subsolo da 104 Norte, em Brasília, onde funcionava a Imatel, segundo relato feito a Notibras por Daniel Catoira. As contradições acabam aí, afirma o espanhol, lembrando que seu invento foi patenteado no Brasil sob o número PI8106424; nos Estados Unidos (US4754475) e no Canadá (CA 121755) além de diversos países europeus.

Natural de La Coruña, o espanhol Daniel Catoira, graduado em engenharia elétrica pela Universidade de Santiago de Compostela, conta que foi selecionado pela ITT, em Madri, para desenvolver o sistema de telefonia brasileiro, que engatinhava na década de 70. Em Brasília, ele se juntou ao analista de sistemas Affonso Feijó da Costa Ribeiro Neto, para trabalharem na Embratel.

– A ideia do Bina foi apresentada à Telebrasília em 1974, e foi aplaudida pelo então diretor-técnico Antônio José Ribeiro dos Santos. A proposta era identificar as chamadas para o 101 (interurbanos) e agilizar o complemento das chamadas, revela Catoira. “Os primeiros testes foram realizados durante a noite na Imatel, de minha propriedade”, recorda o espanhol.

Em seu longo depoimento, prestado em uma chácara de Vicente Pires, Daniel Catoira volta no tempo e cita que em 1985, a Atel – uma sociedade dele com Feijó -, produziu o Bina 87, uma variante mais desenvolvida do Bina de Assinante. Foi nessa época, sustenta, que Nélio (que se intitula pai da invenção) auxiliou na realização dos testes de qualidade do produto.

Catoira faz uma pausa. Olha para o céu e seus olhos ficam marejados. “Nosso trabalho foi árduo. Eu e o Feijó somos os genuínos inventores do Bina. O Nélio, empregado da Telebrasília, teve uma participação mínima, apenas auxiliando no desenvolvimento dos testes”, garante. E conclui, tomado pela emoção: “Ajudamos o Nélio, mas ele quis parir um Matheus quando o DNA já estava formado, batizado e com a respectiva certidão de nascimento”.

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