Perfume eterno
Arquivo Ardente da Alma
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Em mim há um templo oculto,
feito de brasas e silêncio,
onde cada lembrança é uma inscrição em fogo
gravada nas paredes do espírito.
Não é carne o que pulsa
é um relicário de emoções lapidadas,
onde o tempo não apaga, apenas intensifica.
Ali, os sussurros do que fui
se tornam cânticos do que sou.
Minhas lágrimas não caem:
elas escrevem.
São tintas vivas que escorrem
pelas estrofes do meu ser,
cinzelando versos em pedra incandescente.
Cada dor é uma chave,
cada ausência, um vitral quebrado
que deixa a luz entrar com mais força.
E cada amor que partiu
deixou um perfume eterno
nas páginas invisíveis do meu arquivo.
Ali repousam os nomes que não pronuncio,
os olhares que me atravessaram,
os gestos que me moldaram.
Ali vive o fogo que não consome,
mas revela.
Sou feito de brasas que não se apagam,
de memórias que não se repetem,
de verdades que não se dizem
mas que ardem.
Este é o meu arquivo ardente,
onde a alma se despe
para que a luz encontre voz.