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Ausências sentidas

As casas que falam pouco dizem, mas guardam seus ecos

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Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino

Entramos em casas todos os dias, mas poucas falam conosco. Elas guardam cheiros, ecos de conversas, risos que se perderam nos móveis, lágrimas que escorreram silenciosas pelos cantos. Cada lar é um pequeno espelho do que somos enquanto coletivo: famílias que se dispersam, vizinhos que se ignoram, memórias que se acumulam sem serem compartilhadas.

É curioso perceber que, embora cada porta se feche para o mundo, as paredes não impedem que o que vivemos lá dentro nos torne parte de algo maior. Os móveis gastos contam histórias de escolhas que foram feitas em conjunto: refeições divididas, brigas que ensinaram limites, abraços que lembraram a todos que ainda havia humanidade. Nossos lares não são apenas refúgios individuais; são pontos de encontro invisíveis, conectando nossas pequenas histórias às de todos que, como nós, tentam sobreviver, amar e ser ouvidos.

Ao olhar para dentro dessas casas, vemos que não vivemos isoladamente. O que acontece em cada cozinha, em cada sala de estar, reverbera em quem está à volta. A ausência de atenção ao outro, mesmo dentro da própria família, constrói fissuras que ecoam fora de portas e janelas. E, ainda assim, continuamos, juntos, tentando construir lares onde possamos nos reconhecer, mesmo quando falhamos uns com os outros. Porque, no fim, não existe “meu” lar sem os ecos de todos que por ele passaram.

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